Sobremesa simples de banana com doce de leite e iogurte!

Sabe aqueles doces que a gente abre a geladeira, pega umas coisas simples e com elas faz uma coisa incrível de gostosa? Esse é um deles! Aprendi essa combinação apoteótica com a cozinheiro mais incrível que conheço: Paola Carosella. No livro dela, “Todas as sextas” (que inclusive já cozinhei ele todinho, clique aqui para ver essa história), ela ensina uma versão. Aqui ensino de um modo informal, mas onde a combinação básica continua sendo banana, doce de leite e iogurte.

No IGTV do meu Instagram @rodrigo.vilasboas tem um video mostrando o passo a passo dessa receita, clique aqui e veja!

Ingredientes (todas as quantidades são a gosto):

  • Banana cortada em rodelas
  • Iogurte natural (não adoçado)
  • Doce de leite
  • Biscoito (qual preferir, importante que tenha um crocante gostoso)

Modo de preparo:

Você vai apenas fazer camadas, intercalando os ingredientes: Comece pelo iogurte, em seguida a banana e então o doce de leite e o biscoito. Faça quantas camadas quiser. Normalmente faço 2 de cada ingrediente. Aproveita essa delícia simples e maravilhosa!

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Cuidados com a carne vermelha antes de cozinhá-la (Qual escolher, como e quando temperar e outros detalhes pré-cozimento). Mas antes, lembrar que a carne é um “bicho”. Respeito e coerência.

Quando nos aproximamos mais do que as coisas realmente são a tendência é respeitá-las mais. A minha relação com um pedaço de carne hoje em dia sempre começa pelo respeito – toda vez que toco uma carne, eu respiro fundo, penso, e agradeço. O bicho não é”um pedaço de proteína”. É um bicho. E se você quer comer um pedaço de carne com honestidade tem que lidar com isso. Fico um pouco bravo com o hábito de se referir à carne como “proteína”, é reduzir e mascarar demais. É um bicho gente, nada vai mudar isso. Se você entende isso e se responsabiliza pela sua escolha, você come carne de um jeito coerente, respeitoso. Quando eu lembro que é um bicho eu penso no modo como o bicho chega até mim, penso na origem da carne que compro (e escolher a origem certa pode mudar muita coisa). Quando lembro que a carne é um bicho penso com muita seriedade em como vou temperar, cozinhar e comer – todo processo se torna um ritual sagrado e antigo, que eu só construo com cuidado e respeito se lembro que estou cozinhando um animal – e isso é uma coisa séria, se for para fazer, que seja com respeito, coerência e dignidade. Por isso saber como tratar direito a carne é muito, muito importante.

Eu aprendi com minha família, com as minhas leituras e com a Paola Carosella a ter alguns cuidados e gentilezas na hora de lidar com uma carne, e quero compartilhar com vocês. Aqui vou me ater a dicas sobre carnes vermelhas, em especial: Miolo de acém, costelas, contrafilé, filé de costela (o famoso bife ancho ou entrecôte) ou outros cortes que tem gorduras em proporções semelhantes a desses. No geral essas dicas servem para outras carnes também (até peixes e aves), mas é legal sempre pensar se algum tipo de carne não exige cuidados mais específicos. Vamos lá:

A origem da carne: Eu sei que isso é muito difícil, mas é muito importante, e você precisa saber que é importante. De onde vem a carne que você compra? Se puder entrar em contato com a história da carne e saber como o produtor cria o “bicho”, é algo bem valioso e bonito da sua parte. Talvez você possa, a partir disso, escolher produtores que criem melhor que outros. Isso , além de bonito, também te dá mais tranquilidade e confiança no que você coloca na mesa para sua família comer.

Não comprar carne congelada ou congelar a carne que você comprou. Quando a carne é congelada as fibras se alteram e muita coisa se perde – por exemplo, a capacidade da carne de reter suco e ficar suculenta e incrível (perceba que carnes que foram congeladas tendem a ficar secas após cozidas). Compre fresca e faça fresca.

Temperar com antecedência. Tem muitas teorias sobre isso e cada uma tem seu ponto de vista coerente, porém aprendi isso com gente que respeito muito (minha mãe e Paola Carosella) e também testei muito, e conclui que temperar a maioria das carnes com antecedência não ressaca a carne (como muitos acham) e confere à ela uma complexidade de sabor diferente. O tempo de antecedência para temperar depende da carne, mas carne de boi no geral tempero com 12 /24 horas de antecedência, sempre deu certo.

Temperar com o que e quanto de sal? A quantidade de sal depende de cada carne e dos hábitos de cada um. A Paola Carosella no livro “Todas as sextas” indica uma colher de sobremesa cheia para cada quilo de carne. Tenho usado essa proporção e tem dado muito certo. Gosto muito de temperar carnes vermelhas com um grande mix de ervas verdes frescas e azeite de oliva extravirgem. Faço uma mistura com o que tenho e gosto de ervas, azeite, o sal e pimenta. Que tempero pôr é muito particular às vezes. Seja lá o que escolher como erva e tempero, todos eles vão junto para ficar ali com a carne por longas horas, antes de cozinhar.

Preste atenção no tamanho dos pedaços de carne que você assa. É muito legal quando a carne tem uma proporção boa de crosta tostada por fora e interior rosado por dentro – uma peça muito grande assada de uma vez gera muito miolo rosado e pouca crosta. Fracione, é interessante, você terá mais equilíbrio e todos que comerem com você terão partes tostadas e partes suculentas do interior. O tamanho da peça de carne faz bastante diferença.

Preste atenção na temperatura em que a carne está na hora de cozinhar ela. Quando você leva ao forno, panela ou grelha uma carne gelada, há um desequilíbrio no tempo que o exterior e interior dela vão cozinhar, normalmente queima por fora e não atinge o ponto certo dentro. Sempre é legal tirar a carne da geladeira umas 2 ou 3 horas antes de assar para ela atingir temperatura ambiente, dá mais certo e o cozimento é mais simples e correto.

No geral, essas são regras primordiais no trato inicial de uma carne. Pensar qual comprar, em que estado comprar, em que tamanho cortá-la, como e quando temperar temperar e em que estado deixá-la até o momento de cozinhar. Depois disso vem o cozimento, que será feito de acordo com a receita que você irá seguir. Mas essa preparação e cuidado antes do cozimento faz bastante diferença, eu acredito muito.

Em breve vou compartilhar uma receita de carne assada – de um jeito simples e muito grandioso ao mesmo tempo, é de emocionar.

Agradeça o bicho. E não esqueça – a carne é um bicho.

Cozinhei as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Finalização do projeto “Gratidão de todas as sextas”.

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Finalizei o projeto “Gratidão de todas as sextas”. Cozinhei as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Me comprometi, no dia 11/11/2016 (clique aqui e veja como tudo começou) a cozinhar todas as receitas e ir postando (no meu blog e Instagram) toda sexta-feira o resultado daquilo que foi feito na semana, e assim foi.  Estou aqui pensando em como, em um texto de finalização, significar e registrar tudo que esse projeto foi, daí me ocorre que faz sentido começar esse texto falando do fim do projeto, da receita 94/94: O Pão Arturito – Eu levei 15 dias e 17 horas para fazer essa receita (o pão, em muitos sentidos, é o senhor do tempo), e quando acabei consegui firmemente compreender a maior lição do livro: O valor do tempo. É isso. É sobre isso que o livro é: Tempo, vida e cozinha – porque foi uma COZINHEIRA (em caps, para ser verossímel) que escreveu sobre tempo e vida, e ela fez isso através da cozinha.

O livro “Todas as sextas” é o primeiro livro de Paola Carosella. Ele é composto de um relato autobiográfico profundo e de 94 receitas – cada uma delas trazendo uma reflexão e uma conexão com a história da cozinheira. Não é um livro culinário qualquer.  As receitas nos fazem questionar nossas escolhas e hábitos, nos incomodam e nos movimentam. Para prepará-las tudo começava com a busca pelos ingredientes,  e essa era uma etapa muito séria, porque Paola no livro é convicta ao falar da importância dos ingredientes – tinham que ser ovos de galinha de vida digna, carnes de animais que também tiveram vidas dignas, frutas e legumes plantados e cuidados por pessoas que fazem do jeito honesto o que fazem, farinhas vendidas por pessoas que tenham “olhos de pessoas do bem”, confiáveis – e eu não estava afim de contrariar as indicações, eu queria fazer direito para aprender de verdade o que estava ali sendo dito, então foram muitas caminhadas por São Paulo para encontrar os ingredientes certos. Após ter encontrado tudo para cada receita, na hora de cozinhar eu tinha que escolher uma panela que eu tivesse carinho (afeto importa), tinha que tratar os ingredientes respeitando seu tempo de descanso (alguns precisavam de 1 hora, outros de 24 horas, outros de 15 dias). Eu também tinha que entender o valor do fogo baixo e do tempo lento de cozimento, nada de pressa e pressão. Para servir o prato, tinha que ser também numa louça bonita – eu tinha que ser atencioso e gentil com a refeição, a cada instante – e comer tudo isso no final era quase sempre uma oração, uma recompensa e reflexão profunda do que implicava todo o processo – e do que ia sendo transformado em mim enquanto eu transformava ingredientes desse jeito.

Cozinhar desse jeito muda a gente, não tem como sair igualzinho. Para fazer tudo isso antes de qualquer coisa eu tive que “parar” – frear a velocidade desse mundo rápido e agressivo que vivemos para experimentar, através das receitas, uma outra experiência de tempo – um tempo lento, que corre diferente, que precisa respeitar o tempo dos processos naturais, um tempo que me fez pensar em como eu estava usando e experimentando o próprio tempo da minha existência. A verdade é que eu entendi mais do que nunca o quanto perdemos por causa da nossa pressa, da nossa incompreensão das coisas e do tempo que elas precisam levar para ficarem prontas. Cozinhando assim, eu tive então “tempo” de pensar na minha relação com a natureza quando escolhia ingredientes e quando os tratava de determinado modo, tive tempo de compreender o que de bonito acontece quando esperamos, tive tempo de me acalmar depois de dias complicados enquanto estava ali, cortando uma cebola, por exemplo.  Tive tempo de pensar no quanto minhas escolhas impactam o mundo que eu habito. Tive tempo de pensar nos meus afetos e elaborá-los, enquanto construía uma refeição com minhas mãos. Tive tempo, inclusive, de me lembrar do quanto a cozinha é simbólica na minha vida e é, há tantos anos, o meu divã – lugar onde eu sempre pude me encontrar em paz comigo mesmo.

O livro fala muitas vezes da importância de fazer artesanalmente – com as nossas mãos – aquilo que vamos comer. Eu acredito de verdade que existe uma via terapêutica em fazer artesanalmente algo que normalmente compramos pronto no mercado. É uma via que te permite autonomia e apropriação de um processo que normalmente você deixa que façam por você. Isso também é transformador, existe uma auto-realização grande em terminar uma refeição e falar no final: Eu que fiz, cada detalhe, do inicio ao fim, eu construí e transformei isso, estou implicado na coisa. A gente registra no nosso psiquismo coisas muito importantes quando nos vemos implicados nas coisas.

Fazer as receitas do modo como Paola conta também me permitiu pensar em tantos aspectos sociais, no modo como temos tratado o mundo e como temos nos relacionado com as pessoas. Quando escolho comprar de um pequeno produtor o que meu dinheiro incentiva? Quando escolho alimentos orgânicos o que ajudo a manter com meu ato? Há muito a se pensar, comer é um ato político e nossas escolhas conduzem o lugar social das coisas. Temos mais poder do que pensamos. O livro “Todas as sextas” também é um alerta, sutil e gentil, mas um alerta.

Quando comecei o projeto, estava envolvido por um sentimento muito forte de gratidão. Ao ler o inicio do livro, que é composto de um relato autobiográfico de Paola, muitas coisas na minha história foram tocadas. O mais legal de admirar pessoas é em algum momento notar o que essas pessoas que admiramos podem nos revelar de nós a nós mesmos – se conduzirmos de uma forma boa, admirar alguém é algo que revela algo muito importante sobre nós,  algo que muitas vezes não reconhecemos como nosso, mas que é. O outro ajuda a gente a notar. No meio desse insight e gratidão por Paola ter feito uma obra tão generosa e honesta, eu quis cozinhar o livro inteiro. Era para agradecer, para aprender, para ter um propósito novo. Hoje sei que era mesmo preciso cozinhar o livro todo, porque era preciso que eu me encontrasse com tudo isso. Me sinto mais convicto em relação ao modo como escrevo, com cozinho e até como faço meu trabalho como psicólogo – pude pensar em tudo que a cozinha, de um jeito metafórico e profundo, me faz pensar – porque quando a gente entende melhor o valor do tempo, tudo muda.

O projeto “Gratidão de todas as sextas” nasceu de um encontro – do meu com o livro. Mas ele gerou muitos outros encontros. Através do meu Instagram, milhares de pessoas acompanharam as postagens e compartilharam comigo o que sentiam com elas. A troca de narrativas que o projeto gerou e o alcance que ele teve me surpreendeu e me emocionou muito. Então tudo começou a ser algo maior e com mais sentido, onde quem ia acompanhando ia se transformando junto comigo, repensando sua relação com a comida e com o tempo. O projeto foi feito de encontros que deixaram muitas marcas. Pensar nisso me emociona muito, vai pra sempre emocionar.

Existe sim uma semelhança nesse projeto com o que Julie Powell fez com o livro de receitas de Julia Child – Vemos essa história no livro e filme Julie & Julia, que conta como Julie decidiu cozinhar as 524 receitas do livro de Julia em 365 dias. Essa história também me inspira, porque assim como Julie eu também fui salvo de uma vida um pouco triste e sem cor quando decidi que precisava cozinhar e escrever (quando o blog nasceu, aliás). Mas aqui, Paola foi minha Julia e “Todas as sextas” foi meu “Mastering the Art of French Cooking”.

Enfim, é isso. Acabou as 94. Algumas acertei muito que pulei de emoção, outras errei bastante. Todas me ensinaram muito. Eu tenho tanta coisa ainda pra dizer desse projeto, mas acho que isso não se encerra nunca, não cabe num texto, cabe dentro de mim e da bagagem que levo agora. Eu tive sucesso no projeto – mas um conceito diferente de sucesso. No mundo onde tempo é dinheiro, sucesso tem a ver com velocidade, rapidez, lucro em menos tempo e etc – e esse tipo de “sucesso” pode ser um slogan aniquilador e vazio. O sucesso que eu tive no projeto veio da calma e do tempo que corre diferente, veio das caminhadas longas por São Paulo buscando ingredientes, veio das tardes calmas esperando a panela cozinhar durante horas, do tempo que eu tinha enquanto esperava perto da panela e podia pensar nas coisas da vida, veio da emoção de compartilhar, veio da alegria de sentar e comer na mesa todas as receitas com alguém que eu amava. O sucesso veio de parar, respirar fundo, fazer, depois apreciar, e guardar pra sempre. O nome dessa história é gratidão. Como em todos os dias em que cozinhei cada uma das receitas, hoje eu só queria agradecer.

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Olhando na categoria do blog chamada “Gratidão de todas as sextas” você encontra todas as postagens, de cada uma das receitas. No meu Instagram também (@rodrigo.vilasboas) tem tudo lá. Também é possível encontrar os posts na hashtag #gratidaodetodasassextas .

 

Gratidão de todas as sextas. Cozinhando as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Mais um capítulo do Pão Arturito.

​A massa madre para o Pão Arturito está pronta. Agora farei o levain e então, finalmente, o pão. Após fermentar uma fruta orgânica e bonita por 7 dias eu alimentei a massa madre durante mais 7 dias, 3 vezes por dia, em horários iguais. Não existe um jeito de fazer isso sem pegar um amor profundo pelo processo. Cheguei alguns dias em casa cansado, outros correndo quase atrasado para alimentar no horário certo, alguns dias morto e cheio de glitter depois de algum bloco de carnaval, mas alimentar a massa era um compromisso sério e bom, alimentei ela muitas vezes antes de me alimentar (quando cheguei com fome em casa). É uma dedicação grande. Mas o que eu digo para vocês, senhores, é que alimentar a massa na verdade me alimentou – de um tipo de alimento que tem a ver com coisas da existência, entendem? Isso é um grande presente que eu não tenho como retribuir, por isso eu agradeço. Eu to bem emocionado, às vezes com medo do pão dar errado, mas aí penso que se der errado, coisas muito bonitas durante o processo de fazer já deram certo (aprender e sentir algo enquanto faz é tão importante quanto o resultado, se não mais). Mas enfim, vamos ver, e esperar. Se quiser ver mais sobre as etapas anteriores do pão e do projeto gratidão de todas as sextas, só olhar na hashtag no Instagram #gratidaodetodasassextas , tem tudo lá. Também na categoria do blog chamada “Gratidão de todas as sextas”, tem tudo. #paoarturito

Gratidão de todas as sextas. Cozinhando as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Receita 91/94: Ceviche de Ostras. 

Sexta-feira, dia do projeto “Gratidão de todas as sextas” – Cozinhar todas as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de @paolacarosella (Esse projeto tem um porque, clique aqui e leia o post que publiquei dia 11/11/16, explico lá tudo com todo meu coração). Receita 91/94: Ceviche de ostras. Ontem tive a sorte de encontrar pessoas gentis que venderam com sorrisos ostras fresquinhas. Também tive a sorte de morar em uma cidade-mundo onde se encontra de tudo e de todos (São Paulo é um presente). Tive a sorte de ter alguém que amo tão profundamente para comer as ostras comigo. Tivemos a sorte de ter um vinho muito bom para acompanhar uma tarde calma e boa, de descanso e frescor, o mesmo frescor das ostras. Tive a sorte de Paola ensinar um modo tão sagrado e bom de comer ostras e temperá-las. Pensei também na sorte que tive de ter encontrado Paola de algum modo, de ter inciado esse projeto e de ter tido disposição e convicção para estar hoje na receita 91/94 e ter aprendido tanto. Se isso não for motivo de gratidão, senhores, eu não sei o que é.

Gratidão de todas as sextas. Cozinhando as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Receita 90/94: Caldo de carne. 

​Sexta-feira, dia do projeto “Gratidão de todas as sextas” – Cozinhar todas as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de @paolacarosella (Esse projeto tem um porque, clique aqui e leia o post que publiquei dia 11/11/16, explico lá tudo com todo meu coração). Receita 90/94: Caldo de carne. Primeiro dourar no fogo as partes corretas do boi e os aromas da terra (os legumes), depois pegar tudo, já transformado pelo calor do fogo sagrado, e deixar cozinhando por 8 horas e meia – para o tempo fazer sua mágica, para o tempo extrair o melhor possível disso tudo. O cheiro e gosto complexo e intenso desse caldo é o cheiro e gosto do tempo. O tempo que as coisas levam e que não temos mais gostado de esperar, já que queremos tudo instantâneo. Foi profundamente emocionante fazer meu próprio caldo de carne, ver acontecer diante dos meus olhos o que genuinamente pode ser chamado de caldo de carne (e não qualquer coisa vendida por aí roubando esse nome sagrado). Nada faz você refletir tanto sobre o tempo quanto uma receita que precisa ficar quase 10 horas na panela, lentamente acontecendo. Eu estou transformado e esse caldo deixou uma marca forte em mim. Como não sentir uma vontade enorme de agradecer? Esse projeto tem me dado tanto… nem sei te contar. O tempo é mesmo o tecido de nossas vidas, ele não é dinheiro.

Gratidão de todas as sextas. Cozinhando as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Receita 84/94: Magret de pato curado. 

Sexta-feira, dia do projeto “Gratidão de todas as sextas” – Cozinhar todas as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de @paolacarosella (Esse projeto tem um porque, clique aqui e leia o post que publiquei dia 11/11/16, explico lá tudo com todo meu coração). Receita 84/94: Magret de pato curado. Essa receita foi muito especial, porque observar o poder mágico de transformação do tempo é inspirador. Poder esperar o tempo das coisas e respeitar isso é transformador. Foram 2 dias no sal de cura, depois 10 dias curando, mantido com cuidado e carinho na geladeira durante esse tempo todo, como um tesouro. Quando a gente fica tanto tempo preparando uma coisa a gente pega um carinho forte por essa coisa, e na hora de comer foi de verdade uma autorealização, aquele perfume e gosto intenso foram uma recompensa muito bonita depois de tanta espera e cuidado, ficou registrado no meu coração. Comemos num domingo, com vinho, avelãs torradas e uvas, ouvindo Johnny Cash, com calma, sem pressa de nada. Ficamos encantados com o magret. Se encantar com as coisas é muito bom, na verdade é muito importante pra vida ter cor. Concluo então que o respeito ao tempo traz uma cor linda e real para o magret curado, assim como traz para a vida. Enfim. Obrigado, magret, tempo e Paola.

Gratidão de todas as sextas. Cozinhando as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Receita 83/94: Galinha-d’angola com beterrabas. 

​Sexta-feira, dia do projeto “Gratidão de todas as sextas” – Cozinhar todas as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de @paolacarosella (Esse projeto tem um porque, clique aqui e leia o post que publiquei dia 11/11/16, explico lá tudo com todo meu coração). Receita 83/94: Galinha-d’angola com beterrabas. Post atrasado, mas atraso, como esse projeto tem mostrado, não é algo que importa tanto. Quando o tempo do atraso é significado e tem um porque, o atraso é valioso. Transformar um ingrediente no melhor que ele pode ser é um contato interessante com o sentido do tempo. Eu sei, é repetitivo falar de tempo aqui nesse projeto, mas é verdadeiro, porque o livro “Todas as sextas” é sobre tempo, comida e tempo, afeto e tempo, vida e tempo, mundo e tempo. Eu gostei muito de ficar perto da panela que a galinha cozinhava quase 1 hora e 20 minutos, dessa vez eu quis ficar ali sempre muito perto da panela. Foi de uma panela que tenho carinho, gosto dela. Foi bom. Eu não acho que eu vá esquecer um dia dessa manhã, desse tempo. A cozinha marca o tempo na gente.  Obrigado, cozinha. . O tempo é o tecido de nossas vidas. Espero que entendam isso, cozinhar ajuda a entender.

Gratidão de todas as sextas. Cozinhando as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Receita 81/94: Tagliolini verde com lulas frescas e tomates apimentados. 

Sexta-feira, dia do projeto “Gratidão de todas as sextas” – Cozinhar todas as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de @paolacarosella (Esse projeto tem um porque, clique aqui e leia o post que publiquei dia 11/11/16, explico lá tudo com todo meu coração). Receita 81/94: Tagliolini verde com lulas frescas e tomates apimentados. Fazer massa. Eu não consigo te dizer o tanto que cabe nessa frase – nesse ato. Unir, amassar, esperar, abrir, cortar, encharcar com um molho muito generoso que respeite a massa e vice-versa, tudo, absolutamente tudo feito à mão – você sabe o quanto é emocionante sentar pra comer um prato desses? Tem você nessa comida, seu tempo, sua mão, sua energia, seu afeto – a comida que tem isso é sempre a mais fantástica. Nessa massa da Paola, que eu transformei também em uma experiência minha, também tem Caetano, que esteve comigo na cozinha enquanto ela se constituia – tem músicas que revolucionam a experiência de cozinhar. Foi uma tarde toda fazendo, pra comer só a noite, bem a noite. Poucas coisas na vida são tão emocionantes quanto pegar uma panela de ferro, pesada, cheia de comida linda, cheia de você e do que você tem de bom para oferecer, e por na mesa com força e emoção dizendo com entusiasmo: comam, está pronto! Estou revigorado. Estou muito grato.

Gratidão de todas as sextas. Cozinhando as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de Paola Carosella. Receita 80/94: Torta de maçãs com masaa de brioche. 

​Sexta-feira, dia do projeto “Gratidão de todas as sextas” – Cozinhar todas as 94 receitas do livro “Todas as sextas”, de @paolacarosella (Esse projeto tem um porque, clique aqui e leia o post que publiquei dia 11/11/16, explico lá tudo com todo meu coração). Receita 80/94: Torta de maçãs com massa de brioche. Torta fechadinha, quente, com recheio de fruta, é a coisa certa a se fazer nos dias em que a vida não está muito legal. Uma das coisas mais mágicas da cozinha é um prato poder amaciar a gente, acariciar a gente, em dias em que a vida não está nada doce e aconchegante, como essa torta. A gente precisa aprender a entender quais sentimentos uma comida causa na gente, para saber o que fazer na cozinha em determinados dias. A tristeza ganha um tom diferente quando eu pinto ela com uma torta gentil – e essa, que tem massa de brioche… (suspiros de amor) é muito mais potente em gentileza e carinho. Ela entrou para meu repertório de receitas que ressignificam as durezas dessa vida, que às vezes é tão doida. Adorei a casquinha crocante e o recheio cremoso, quase chorei com o aroma dela quando sai do forno (é emocionante de verdade, não tô sendo hiperbólico), adorei experimentar, mais uma vez, as emoções profundas que a cozinha de alma guarda e cativa na vida. Obrigado, novamente. Dia de agradecer é um dia sagrado sempre. Amo sexta-feira.