Como fazer ganache de chocolate, o creme que surgiu de um acidente francês! – Confira também como fazer fondue de chocolate!

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Ganache em francês significa “imbecil” ou “incapaz”. A divertida origem desse delicioso creme está relacionada com esse termo – A história diz que um assistente de chocolatier na França por acidente derramou creme de leite quente em um recipiente cheio de chocolate, daí o mestre chocolatier ficou muito revolts e ofendeu o seu assistente usando o termo “ganache ” – Quem diria que isso é palavrão, né gente? Se alguém me chamasse de “ganache” na França eu ia imaginar que a pessoa está dizendo que sou um docinho… enfim, adiante. Só que aí, antes de descartar a mistura acidental o chef misturou melhor e provou, e amou, e hoje o creme ganache é um dos preparos mais tradicionais da confeitaria francesa. Que gracinha, não é mesmo? Veja receita abaixo e agradeça esse santo acidente! E ah! Nesse frio que se achega por aqui, é só fazer essa receita (acrescentando um toque especial que explico abaixo) que você terá um fondue incrível!

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Ingredientes:

  • 400g de chocolate cortado em pedaços pequenos (use chocolate de qualidade, essa receita usa 2 ingredientes, então o segredo está na qualidade deles – eu gosto de fazer com chocolate meio amargo).
  • 200g de creme de leite fresco (pode usar o de latinha sem o soro se não achar o fresco).
  • Se for fazer para fondue, também usará uma colher de sobremesa de conhaque.

Modo de preparo:

Aqueça o creme de leite em uma panela, não deixe ferver, mas deixe bem quente. Coloque o chocolate em um recipiente e coloque o creme de leite quente sobre ele. Aguarde cerca de 30 segundos e então misture, delicadamente, até que todo chocolate esteja derretido e incorporado. Se estiver fazendo para fondue, acrescente para finalizar a colher de conhaque e misture bem.

Prontinho! Simples, clássico e lindo! Bon appétit! Use sua criatividade para rechear coisas, cobrir coisas, comer puro, etc!

 

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Como fazer Quatre-quarts – O clássico bolo francês!

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Quatre-quarts – Um bolo clássico francês super simples mas que tem uma presença suficiente para ser o único prato de um café da tarde, ele protagoniza. A característica principal dele é o que o nome já sugere: Feito com 4 partes iguais de 4 ingredientes – proporção e exatidão definem esse clássico, 4 ingredientes com o mesmo peso juntos, se tornando, como sabemos, mais que a soma de suas partes. Poucas coisas superam um quarte-quarts acompanhado de um chá earl grey. Pouquíssimas coisas. Sobre uma paixão crescente por coisas singelas, de essência, mas plenas e reais. Quatre-quarts é simples, absolutamente marcante, aconchegante, doce e real. Vem aprender! E se tentar, espero que sua experiência seja linda, também aconchegante e real. Bon appétit!

Ingredientes (para 5/6 porções):

  • 4 ovos
  • 250g de açúcar
  • 250g de farinha de trigo
  • 250g de manteiga derretida e resfriada
  • 1 pitada de sal
  • 1 colher de chá de fermento em pó

(Se quiser pode acrescentar na receita 1 colher de chá de essência de baunilha ou as rapas de 1 limão siciliano e de 1 laranja – fica incrível!)

Modo de preparo:

Já comece pré-aquecendo o forno a 180 graus e deixe já uma forma untada (aquelas formas pequenas e retangulares ficam boas para esse tipo de bolo, ou faça em ramequins individuais se quiser, eu gosto mais de assar assim, daí unte uns 5 ou 6 ramequins). Separe as claras das gemas. Bata as claras em neve firme com metade do açúcar. Em outro recipiente bata as gemas com o restante do açúcar até que fique esbranquiçado e mais cremoso (se for bater com a mão use um fouet), se for colocar baunilha, coloque agora. Em uma terceira tigela misture a farinha, o fermento e o sal (e caso for usar, também as raspas de limão e laranja).

Junte então a mistura dos ingredientes secos às gemas e acrescente a manteiga, mexa delicadamente até incorporar (sem bater ou mexer demais). Por último adicione delicadamente as claras em neve, com muito cuidado! DELICADAMENTE (em caps, pra ser verossímel – risos). Coloque a massa na forma untada, leve ao forno por 30-40 minutos (ou até espetar um garfo no centro e ele sair limpo). Prontinho! Seja feliz comendo o amor preparado em quatro partes e bon appétit! Fresquinho ele é o melhor!

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Receita de tortinhas de chocolate branco com uva passa!

 

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Uva passa – Essa coisinha preta toda gracinha tem lugar garantido em meu coração. Aqui uso ela para dar seu sabor acentuado ao recheio dessa tortinha simples mas que amo. É um doce bom de provar, é delicado e bonito – em uma única mordida você visita alguma coisa diferente bem bonita, dentro de você. Vale a pena.

Receita rende 12 tortinhas pequenas.

Como fazer:

Primeiro faça a massa para tortinhas doces – clique aqui e veja a receita. Faça a massa conforme instruções, asse, deixe esfriar, desenforme e reserve.

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Recheio:

 Você vai precisar de:

  • 300g de chocolate branco
  • 90g de creme de leite
  • 1 colher de chá de algum licor que você ame (gosto de usar de laranja nessa receita)
  • Cerca de 70g de uvas passas (ou o quanto você quiser, isso é à gosto)
  • Vinho do porto, o quanto bastar (ou algum outro vinho frutado) para hidratar as passas (opcional)

Preparo:

Coloque as uvas passas em um copo e acrescente o vinho, para que elas fiquem cobertas por ele. Deixe pelo menos 2 horas ali. Depois escorra o vinho e separe as passas.

Faça um ganache simples de chocolate branco (o ganache de chocolate branco usa um pouco menos de creme de leite na proporção que o de chocolate preto, porque ele tem mais gordura na composição).

Para preparar o ganache, coloque o chocolate picado em pedaços pequenos em um refratário. Aqueça o creme de leite, e instantes antes de ferver despeje ele no refratário onde está o chocolate. Espere 30 segundos e misture delicadamente, até o que o chocolate esteja todo derretido e incorporado. Acrescente o licor e misture. Espere esfriar completamente.

Daí, é montar as tortinhas, o que é bem simples: Divida o ganache entre as tortinhas (pode ser que sobre um pouco de ganache). Aí você coloca um pouco de passas em cada uma delas, depois leve para gelar por 1 hora no mínimo. Para confeitar use sua criatividade, eu fiz uma bolinha com pasta americana, cravei um confeito prata e peneirei leite em pó por cima!

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Bon appétit!

 

Como fazer tortinhas de chocolate com farofa de crocantes de caramelo!

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As comidas de natal. Poucas situações são tão mágicas na cozinha quanto véspera de natal. Acordamos cedo e ficamos o dia todo na cozinha rodeado de pessoas significativas, de histórias e afetos, preparando aqueles pratos lindos que contam de alguma forma a história da nossa família. Não podemos preparar qualquer coisa nessa data, é preciso que um prato ative a energia de um momento. Tortinhas costumam tirar sorrisos das pessoas no natal. Quem nunca esboçou um sorrisinho ao ver uma tortinha de chocolate? Quem não faz isso, bom sujeito não é. Aquelas coisas fofas, decoradas gentilmente, que a gente pega com a mão, leva até a boca e morde ainda sorrindo um pouco… Fazê-las é uma alegria e nos permite muita criatividade na decoração – Experimente decorar seu natal com tortinhas. E lembre-se: Jamais confie em alguém que não esboça um sorrisinho (mesmo que seja de Monalisa) ao ver uma tortinha de chocolate.

Vamos aos preparos:

Como fazer a massa das tortinhas:

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A primeira coisa que você precisa fazer é a massa das suas tortinhas. Eu já publiquei essa receita antes – a diferença é que na receita fiz uma torta grande e para essa você fará a massa e dividirá em forminhas pequenas de torta, ou se quiser fazer em grande também pode, sua alma é livre! Clique aqui e confira a receita da melhor massa de torta doce do mundo! 

Recheio de ganache de chocolate:

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Escolhi para hoje fazer um ganache de chocolate para rechear. Clique aqui e confira a receita do tradicional ganache de chocolate francês. 

Decoração:

Para decorar usei chantilly e uma farofinha maravilhosa de crocantes de caramelo! Clique aqui e veja como fazer essa farofinha, que eu também já ensinei! 

Estando com esses 4 itens prontos – a massa assada, o ganache, a farofinha de crocantes de caramelo e o chantilly, é só montar as tortinhas:

  1. Espere a massa esfriar e desenforme.
  2. Coloque primeiro o ganache (que deve estar já frio) nelas – não muito para não derramar.
  3. Coloque então o chantilly, decorando sua tortinha como preferir
  4. E para finalizar, polvilhe a farofinha de crocantes!

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Prontinho! Feliz Natal e bon appétit!

Torta de Mousse de Chocolate!

Torta, Mousse, França, Torre Eiffel, Le Chat Noir.  Amor.

Torta, Mousse, França, Torre Eiffel, Le Chat Noir. Amor.

O amor que envolve qualquer preparo de confeitaria francesa já é justificativa suficiente para o preparo de qualquer receita! Os detalhes e a necessidade de exatidão de tempo, movimento e quantidades podem promover tensão – mas há algo de mágico nessa tensão, algo de divertido, de sensacional. Na confeitaria francesa minha alma se movimenta. Essa receita é a união de um preparo tradicional de massa de torta doce (a melhor do mundo!) e de uma tradicional mousse de chocolate francesa – Amor real! Aprenda como fazer e faça se divertindo! – identifique sua emoção ao fazer, porque não basta cozinhar, é preciso sentir algo enquanto cozinha, notar-se produtor de algo bom, conferir um significado a sua experiência e tempo. Vamos lá?

Como fazer a Torta de Mousse de Chocolate Francesa:

Primeiro faça uma receita de Massa de Torta Doce (Clique aqui e veja como fazer a massa). Depois de terminar, reserva a massa e a deixe esfriar.

Então faça o recheio – Prepare uma tradicional Mousse de Chocolate Francesa (Clique aqui e saiba como fazer).

Finalize o preparo da mousse e então monte a torta: Logo após incorporar as claras em neve despeje a mousse na massa de torta doce já fria, e leve a geladeira por no mínimo 2 horas. Eu decorei com raspas de chocolate. Depois é só servir e alimentar a alma com a sensação dessa receita.

Ponto importantíssimo: 

  • Ouvir uma música que tenha sentido existencial para você enquanto prepara essa receita pode te trazer um inusitado e peculiar sentimento de perfeição e alegria. Eu ouvi uma música francesa enquanto fazia (clique aqui e saiba qual) e minha alma sorriu. É preciso sentir algo ao fazer, é preciso significar.

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Bon appétit!

Receita de Peras Bela Helena (Poires Belle Hélène)!

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Gastronomia, arte, equilíbrio, amor. Peras Bela Helena (Poires Belle Hélène) – Sobremesa francesa de resultado encantador! A maciez da pera cozida com as coisas certas, o chocolate banhando a maciez da pera conferindo peso e presença. Fazê-las é manusear amor. Prová-las é sentir o gosto do amor. Na verdade a delicadeza e poesia toda delas vem lembrar que: Love is all you need. Mais uma gracinha francesa para nossa adorável coleção. Confira receita completa!

Ingredientes:

  • 1,5 litro de água fria
  • 1 fava de baunilha (se você não tiver a fava pode usar de 3 a 4 colheres de sopa de essência, porém sentirá diferença no resultado, mas fica bom também!).
  • 150g de açúcar (3/4 de xícara de chá)
  • 4 peras firmes descascadas e com as hastes (as Willians são ótimas para essa receita)
  • 100g de chocolate meio amargo picado
  • 100g de creme de leite fresco (pode usar aqueles de latinha sem o soro)
  • 3 favas de cardamomo amassadas
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Mas que gracinha essas perinhas… 🙂

Modo de preparo:

Leve a água ao fogo e acrescente a baunilha (se usar a fava corte-a ao meio, raspe o conteúdo para dentro da água e depois coloque a fava junto, se usar a essência apenas acrescente) e o açúcar, mexa um pouco para dissolver. Acrescente na mistura as peras e coloque por cima um pedaço de papel manteiga, encostando-o na água, assim garantirá que toda a pera fique submersa na água. Cozinhe em fogo médio por cerca de 30 à 45 minutos (o tempo depende, vá verificando com um garfinho, só desligue quando as peras já estiverem bem macias e totalmente cozidas).

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As peras no cozimento.

Depois de desligar deixe as peras esfriarem por 2 ou 3 horas, ou de preferência por uma noite (quanto mais tempo mais absorção de sabor).

Agora prepare a calda: Coloque o chocolate numa tigela, então ferva o creme de leite com o cardamomo e depois despeje sobre o chocolate. Espere 1 minuto e então comece mexer delicadamente, sem mexer muito, apenas o suficiente para misturar tudo por completo e ter uma ganache linda.

Na hora de servir retire as peras da calda, coloque em um prato e regue com uma boa quantidade da calda de chocolate. Fica muito bom servir junto com chantilly (como sugiro na imagem)! Aproveitem esse amor todo!

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Bon appétit!

Como fazer Crème Brûlée – o clássico!

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Ah… crème brûlée! Uma das minhas receitas francesas preferidas, daquelas de fazer os olhos brilharem! A primeira vez que ouvi falar dessa sobremesa foi no filme “O Fabulo destino de Amélie Poulain”, na cena em que falava da felicidade discreta encontrada nos prazeres simples do cotidiano  – e quebrar a casquinha do crème brûlée era um item dessa lista. Não sei se pela poesia do filme, se por ser tão a cara de Paris ou pelo sabor delicado e gentil, mas eu amo essa sobremesa! É difícil de explicar, mas esse doce é muito importante pra mim, ele de algum modo me lembra de ter esperança nas coisas (acho que ele já coloriu o preto e branco de outras horas). Fazer não é assim tão complicado! Vem quebrar a casquinha de um crème brûlée e entender melhor isso tudo.

E ah! Se quiser saber de onde vem e toda a história em torno dessa sobremesa, clique aqui e desvende o crème brûlée!

Ingredientes:

  • 300g de creme de leite fresco (ou use aqueles de latinha mas sem o soro!)
  • 200ml de leite
  • 3 colheres de sopa de extrato de baunilha – o natural é sempre muito melhor (ou você pode usar uma fava de baunilha inteira).
  • 6 gemas
  • 100g de açúcar (aproximadamente 10 colheres de sopa), e mais um pouco para fazer a casquinha caramelizada de cima – o brûlée.

Modo de preparo:

Coloque o creme de leite junto com o leite em uma panela e junte a baunilha (se for usar a fava corte-a ao meio, raspe as sementes para dentro da panela e jogue a casca dentro também). Ferva essa mistura, assim que levantar fervura desligue (se tiver usado a fava de baunilha retire ela e descarte). Reserve.

Em uma travessa misture as gemas com o açúcar, bata até atingir o ponto de fita – ponto mais grossinho e cremoso, para verificar esse ponto faça assim: Pegue um pouco da mistura com uma colher ou o próprio fouet e deixe cair de volta, estará no ponto de fita se cair fazendo essas dobrinhas como da imagem, repare:

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Então vá acrescentando aos poucos o creme quente que estava reservado, batendo sempre, mas não demais nem muito rápido para não criar muitas bolhas (mas não se preocupe, algumas são normais criar).

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Pré-aqueça o forno à 130 graus. Divida a mistura em 6 ramequins e coloque-os em uma assadeira.

Essa foto deixou o creme mais pálido gente, mas ele é mais amarelinho que isso tá!

Essa foto deixou o creme mais pálido gente, mas ele é mais amarelinho que isso tá!

Encha a assadeira de água morna até cobrir a metade dos ramequins. Asse de 40 à 50 minutos (depende do seu forno), até o creme ficar firme nas bordas e um pouco mole no meio. Quando der 35 minutos fique sempre de olho, vá tirando um ramequin para averiguar a consistência, assim não passará do ponto certo. Se assar demais fica duro e meio espumoso e não com aquela cremosidade mágica!

Após assar, retire do forno e deixe esfriar em temperatura ambiente. Então cubra-os com papel filme e leve para a geladeira por 3 à 4 horas, ou por uma noite. Na hora de servir vem a parte mais legal: Fazer aquela casquinha linda por cima! Retire-os da geladeira e tire o papel filme, se a superfície estiver úmida seque com um papel toalha delicadamente. Então polvilhe uma camada de açúcar por cima (não muito grossa), e aí é só caramelizar esse açúcar, e você tem duas opções para fazer isso: Pode usar um maçarico culinário (mais prático e com resultados melhores), ou usar uma colher de ferro aquecida. Se usar o maçarico é só ir fazendo com ele movimentos circulares até “queimar” o açúcar e deixar ele no tom das imagens abaixo (sem queimar muito para não ficar amargo, tem que ficar bronzeadinho só, 10 segundos de maçarico em cada um é suficiente). Se for usar uma colher de metal faça da seguinte forma: Esquente ela na chama do seu fogão a gás até que ela esquente bastante (o metal ficará num tom azul e meio escurecido). Após aquecer encoste a colher no açúcar e faça movimentos circulares, até caramelizar toda a superfície. Antes de aquecer a colher novamente lave-a muito bem para não ficar resíduos.

Prontinho! Quebre sua casquinha de Crème Brûlée e sinta a felicidade lendária que tal ação proporciona!

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Bon appétit!

O que é e de onde vem o Crème Brûleé? Comida e história!

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Crème Brûleé para os franceses, Crema Catalana para os espanhóis ou Leite-creme para os portugueses. Com qualquer nome ou em qualquer lugar do mundo, amo esse doce e toda delicadeza que ele me faz sentir – tem coisas que a gente come porque o gosto é bom, mas também porque a experiência de comer produz alguma sensação valiosa, delicada, boa. Fazer e comer crème brûlée me transporta para um estado de apreciação do belo através de algo simples. Vou explicar melhor.

A primeira referência história sobre essa sobremesa foi encontrada no livro Nouveau cuisinier royal et bourgeois, do francês François Massialot, publicado em 1691. Brulée designa um termo para “tostado”, o que é a característica principal desse doce – que tem aquela casquinha caramelizada por cima. Há uma curiosidade: “brûlée” é um termo também usado para referir-se à pessoa de alto poder aquisitivo e esnobe, a expressão foi extraída do nome da sobremesa crème brûlée, por ela, na França, ter sido uma sobremesa elitizada durante muito tempo.

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No filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulin, de Jean-Pierre Jeunet, existe uma referência muito famosa à essa sobremesa, que ajudou ela a se popularizar no mundo todo. Na poesia do filme é dito que o ato de quebrar com uma colher a casquinha do créme brûlée pode produzir um prazer simples, delicado, que te ajuda a extrair poesia da simplicidade de seu cotidiano. Acho isso tão lindo, evoca coisas tão sérias sobre conseguir extrair dos atos simples marcas boas, que nos alimentem… Enfim, o filme em si é lindo e tem muito sobre essa poesia do simples, e responsabilizo ele em grande parte por esse meu amor ao crème brûlée.

A origem da sobremesa é controversa e suspeita: franceses, espanhóis e ingleses disputam sua origem. Na Grã-Bretanha, existe uma referência, de 1879, ao Trinity Cream ou Cambridge burnt cream. No Trinity College, Cambridge, o símbolo da universidade era marcado, com um ferro quente, sobre o açúcar da cobertura. Mas os franceses, como mencionei acima, tem registros anteriores a esse, então por hora a honra é deles.

Ovos, leite, baunilha e açúcar – basicamente ele é feito disso. Há vários modos de fazer a casquinha linda e marcante de cima, o maçarico é a forma mais comum hoje, mas alguns lugares colocam bebida alcoólica por cima e botam fogo, para uma caramelização meio com cara de espetáculo. E também tem o modo mais antigo, de fazer a casquinha com ferro quente (meu jeito preferido, na verdade).

Adoro a história e narrativas possíveis de qualquer alimento. Há traços em tudo que comemos que contam histórias, poesias, hábitos… Comida é assim. Agora se você ficou com vontade clique aqui e veja como fazer creme brulee! Eu ensino, e você nem precisa ter maçarico culinário! Vem que tem!

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Receita clássica francesa de mousse de chocolate (finalizado com chantilly de cachaça)

A profundidade cremosa e leve de uma mousse bem feita equilibrada com um chantilly de cachaça facinho – ó, chega arrepiar. Com poucos ingredientes e passos simples, você faz esse clássico charmoso francês (e se você é desses que quando ouve “clássico francês” imagina algo complexo, caro, difícil e até grita, para com isso meu bem, e vem cá mudar essa ideia). Adorable!

História do clássico: Mousse em francês significa “espuma”. Uma sobremesa que nasceu no início de 1900, em plena Belle Époque francesa, uma das épocas mais lindas, de onde às vezes eu acho que sou. Inventada pelo artista francês Henri Toulouse-Lautrec, era inicialmente chamada de “maionese de chocolate”.

Um clássico francês. Simples, mas que precisa ser exato. Ovos, manteiga, açúcar (os eternos protagonistas da confeitaria francesa) e chocolate – é tudo que você precisa. Experimente muito mais que o resultado final dessa receita, experimente também a suavidade ao prepará-la – Mergulhe com delicadeza e percepção aos momentos, valores e “encontros” que a cozinha pode te oferecer. Quase todo mundo sorri por fora ou por dentro ao comer uma mousse de chocolate – vamos sorrir então!

Abaixo receita completa escrita, mas se quiser, tem um video no IGTV do meu Instagram @rodrigo.vilasboas com todo passo a passo detalhado. Clique aqui para conferir!

Essa receita rende 4 porções pequenas ou 3 grandes.

Ingredientes:

  • 180g chocolate em pedaços pequenos
  • 5 claras
  • 3 gemas
  • 2 colheres e meia de sopa de açúcar
  • 2 colheres de sopa de água
  • 80g de manteiga sem sal
  • 1 colher de sopa de licor de laranja (opcional)
  • Para o chantilly de cachaça (que é opcional, tipo um plus meu na receita):
  • Cerca de 100 ml de creme de leite fresco (ou um que bata chantilly)
  • 2 colheres de sopa de cachaça
  • Cerca de 1 colher de sobremesa de mel

Modo de preparo:

Coloque o chocolate e a manteiga em um recipiente e derreta em banho maria até virarem uma coisa só, reserve. Leve uma panela ao fogo e coloque 2 colheres de sopa de açúcar e 2 colheres de sopa de água, ferva rapidamente até virar uma caldinha rala. Coloque as gemas em um recipiente e comece a bater, acrescentando a calda de açúcar quente aos poucos, batendo sempre, até virar uma mistura clara e fofa (o calor da calda irá cozinhar as gemas). Então acrescente essa mistura de gemas na mistura de chocolate, mexa bem para incorporar.

Comece a bater as claras em neve em uma batedeira ou com um batedor. Quando elas começarem a subir acrescente o restante do açúcar (meia colher de sopa) e continue batendo em uma velocidade mais baixa, até atingir o pico duro (em que fica firme e não se movimenta quando você vira de lado o pote da batedeira). Então acrescente metade das claras na mistura de chocolate, mexa delicadamente, com movimentos circulares de baixo para cima. Em seguida acrescente a outra metade e mexa da mesma forma. Delicadeza nessa etapa é o segredo para uma mousse leve como deve ser, então mexa com paciência.

Quando as claras desaparecerem e tudo for cor de chocolate está bom de misturar. Coloque em recipientes e leve à geladeira por no mínimo 2 horas, mas o ideal é umas 6. Antes de servir decore como quiser (peneirando cacau em pó ou com raspas de chocolate). Eu amo finalizar com esse chantilly de cachaça que vou ensinar abaixo, acho que dá um contraste lindo, que equilibra o doce e permite que a gente coma a mousse do inicio ao fim com aquela mesma emoção da primeira colherada.

Para fazer o chantilly de cachaça: Comece a bater o creme, quando começar a ganhar corpo acrescente a cachaça e o mel. Daí é só bater até ficar firme e cremoso. Finalize a mousse com ele por cima e se quiser, jogue um tico de cacau em pó por cima dele

Pronto, lindo e encantdor. Bon appétit!

Como fazer Sabayon de champanhe com morangos e tomates-cereja.

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Mais uma sobremesa com a delicadeza e amor da culinária francesa: Sabayon de champanhe com morangos e tomates-cereja (nome original: Sabayon de champagne avec fraises et tomates cerises). Ingredientes simples juntos da forma certa, o segredo é esse! Algo legal que essa receita também permite notar é a interessante semelhança de sabor dos morangos com os tomates-cereja, poeticamente delicioso e surpreendente!

Ingredientes:

  • 200g de morangos (Se forem pequenos corte-os ao meio, se foram grandes corte-os em quatro).
  • 100g de tomates-cereja (corte-os ao meio ou em quatro, e retire as sementes).
  • 4 gemas
  • 2 colheres e meia de sopa de açúcar
  • 100ml de champanhe

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Modo de preparo:

Deixe os morangos e os tomates cortados conforme descrito e reserve-os. Então comece a preparar o sabayon! Coloque as gemas e o açúcar em uma tigela em banho-maria (no fogão, fogo médio), não precisa ser uma tigela muito grande. Bata com um fouet até ficar meio esbranquiçado, mais ou menos nesse tom:

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Então acrescente o champanhe e bata até o sabayon ficar grosso e meio espumado ( o tempo para chegar a esse ponto varia de acordo com o modo que está sendo batido e temperatura, mas normalmente leva cerca de 20/30 minutos para tingir o ponto certo). Algo que ajuda a verificar o ponto é fazer um movimento leve com o fouet e ver se o movimento deixa rastro no creme, isso mostra que a consistência engrossou. Estando nesse ponto seu sabayon está pronto! (rimou!) Eeeee!

Note a área dentro do círculo: O rastro do fouet se mantém, isso mostra que o sabayon engrossou e já está no ponto!

Note a área dentro do círculo: O rastro do fouet se mantém, isso mostra que o sabayon engrossou e já está no ponto!

Para servir divida em partes iguais o preparo do sabayon em 4 pratinhos (não fica uma quantidade exagerada mesmo, é normal ficar pouco em cada prato).

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Então coloque os morangos e os tomates-cereja por cima, e aí é só servir! Se não for servir na hora deixe o sabayon na geladeira, e só coloque os morangos e tomates na hora de servir. Delicie-se e sinta o charme dessa coisinha linda francesa!

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Bon appétit!