Receita de Crème Brûlée de Cardamomo!

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A mágica casquinha crocante escondendo um creminho delicado de textura que te leva para as nuvens – todo mundo sabe que comer um crème brûlée é tipo andar nas nuvens ouvindo com todo entusiasmo uma música do Steve Wonder. Fora que quebrar essa casquinha crocante…. não sei se e alguma galáxia tem algo mais prazeroso que isso. Agora venho por meio desta (e não daquela) ensinar para vocês uma versão dessa belezinha que além do aroma da baunilha vai cardamomo! Uma combinação estonteante de tanto amor no meio. O tom delicado da baunilha ameniza o tom mais forte do cardamomo, fica uma coisa paradoxal linda. Vem andar nas nuvens comigo ouvindo Steve Wonder comendo um desses, vem!

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Ovos, cardamomo e açúcar.

Para fazer o Crème Brûlée com cardamomo você faz exatamente a mesma receita do crème brûléé tradicional (clique aqui e acesse a receita completa). Você fará apenas uma alteração:

No primeiro passo da receita, na hora que você colocar a baunilha no leite e creme de leite para fazer infusão, coloque também 5 favas de cardamomo para esquentar junto. Depois de desligar o fogo deixe uns 4 minutos o recipiente coberto com algo para abafar, e depois retire as favas de cardamomo e descarte. Prontinho! O aroma do cardamomo já estará no seu preparo! Algumas pessoas preferem abrir as favas de cardamomo e triturar as sementinhas de dentro, incluindo elas no preparo ao invés das favas. Nesse caso fica mais forte, porque além do aroma liberado ser mais intenso elas ficarão lá dentro, não serão descartadas. Se for fazer assim sugiro usar no máximo 3 favas por receita.

Prontinho gente! A mistura de leite e creme de leite estando aromatizada você segue os outros passos da receita normalmente! E no final notará a presença linda desse acréscimo cheio de amor pra dar!

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E ah! Clicando aqui eu te conto a história do crème brûlée, para você fazer com mais propriedade, sabendo a história que o prato conta! O que é bem mais legal!

Bon appétit!

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Como fazer Crème Brûlée – o clássico!

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Ah… crème brûlée! Uma das minhas receitas francesas preferidas, daquelas de fazer os olhos brilharem! A primeira vez que ouvi falar dessa sobremesa foi no filme “O Fabulo destino de Amélie Poulain”, na cena em que falava da felicidade discreta encontrada nos prazeres simples do cotidiano  – e quebrar a casquinha do crème brûlée era um item dessa lista. Não sei se pela poesia do filme, se por ser tão a cara de Paris ou pelo sabor delicado e gentil, mas eu amo essa sobremesa! É difícil de explicar, mas esse doce é muito importante pra mim, ele de algum modo me lembra de ter esperança nas coisas (acho que ele já coloriu o preto e branco de outras horas). Fazer não é assim tão complicado! Vem quebrar a casquinha de um crème brûlée e entender melhor isso tudo.

E ah! Se quiser saber de onde vem e toda a história em torno dessa sobremesa, clique aqui e desvende o crème brûlée!

Ingredientes:

  • 300g de creme de leite fresco (ou use aqueles de latinha mas sem o soro!)
  • 200ml de leite
  • 3 colheres de sopa de extrato de baunilha – o natural é sempre muito melhor (ou você pode usar uma fava de baunilha inteira).
  • 6 gemas
  • 100g de açúcar (aproximadamente 10 colheres de sopa), e mais um pouco para fazer a casquinha caramelizada de cima – o brûlée.

Modo de preparo:

Coloque o creme de leite junto com o leite em uma panela e junte a baunilha (se for usar a fava corte-a ao meio, raspe as sementes para dentro da panela e jogue a casca dentro também). Ferva essa mistura, assim que levantar fervura desligue (se tiver usado a fava de baunilha retire ela e descarte). Reserve.

Em uma travessa misture as gemas com o açúcar, bata até atingir o ponto de fita – ponto mais grossinho e cremoso, para verificar esse ponto faça assim: Pegue um pouco da mistura com uma colher ou o próprio fouet e deixe cair de volta, estará no ponto de fita se cair fazendo essas dobrinhas como da imagem, repare:

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Então vá acrescentando aos poucos o creme quente que estava reservado, batendo sempre, mas não demais nem muito rápido para não criar muitas bolhas (mas não se preocupe, algumas são normais criar).

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Pré-aqueça o forno à 130 graus. Divida a mistura em 6 ramequins e coloque-os em uma assadeira.

Essa foto deixou o creme mais pálido gente, mas ele é mais amarelinho que isso tá!

Essa foto deixou o creme mais pálido gente, mas ele é mais amarelinho que isso tá!

Encha a assadeira de água morna até cobrir a metade dos ramequins. Asse de 40 à 50 minutos (depende do seu forno), até o creme ficar firme nas bordas e um pouco mole no meio. Quando der 35 minutos fique sempre de olho, vá tirando um ramequin para averiguar a consistência, assim não passará do ponto certo. Se assar demais fica duro e meio espumoso e não com aquela cremosidade mágica!

Após assar, retire do forno e deixe esfriar em temperatura ambiente. Então cubra-os com papel filme e leve para a geladeira por 3 à 4 horas, ou por uma noite. Na hora de servir vem a parte mais legal: Fazer aquela casquinha linda por cima! Retire-os da geladeira e tire o papel filme, se a superfície estiver úmida seque com um papel toalha delicadamente. Então polvilhe uma camada de açúcar por cima (não muito grossa), e aí é só caramelizar esse açúcar, e você tem duas opções para fazer isso: Pode usar um maçarico culinário (mais prático e com resultados melhores), ou usar uma colher de ferro aquecida. Se usar o maçarico é só ir fazendo com ele movimentos circulares até “queimar” o açúcar e deixar ele no tom das imagens abaixo (sem queimar muito para não ficar amargo, tem que ficar bronzeadinho só, 10 segundos de maçarico em cada um é suficiente). Se for usar uma colher de metal faça da seguinte forma: Esquente ela na chama do seu fogão a gás até que ela esquente bastante (o metal ficará num tom azul e meio escurecido). Após aquecer encoste a colher no açúcar e faça movimentos circulares, até caramelizar toda a superfície. Antes de aquecer a colher novamente lave-a muito bem para não ficar resíduos.

Prontinho! Quebre sua casquinha de Crème Brûlée e sinta a felicidade lendária que tal ação proporciona!

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Bon appétit!

O que é e de onde vem o Crème Brûleé? Comida e história!

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Crème Brûleé para os franceses, Crema Catalana para os espanhóis ou Leite-creme para os portugueses. Com qualquer nome ou em qualquer lugar do mundo, amo esse doce e toda delicadeza que ele me faz sentir – tem coisas que a gente come porque o gosto é bom, mas também porque a experiência de comer produz alguma sensação valiosa, delicada, boa. Fazer e comer crème brûlée me transporta para um estado de apreciação do belo através de algo simples. Vou explicar melhor.

A primeira referência história sobre essa sobremesa foi encontrada no livro Nouveau cuisinier royal et bourgeois, do francês François Massialot, publicado em 1691. Brulée designa um termo para “tostado”, o que é a característica principal desse doce – que tem aquela casquinha caramelizada por cima. Há uma curiosidade: “brûlée” é um termo também usado para referir-se à pessoa de alto poder aquisitivo e esnobe, a expressão foi extraída do nome da sobremesa crème brûlée, por ela, na França, ter sido uma sobremesa elitizada durante muito tempo.

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No filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulin, de Jean-Pierre Jeunet, existe uma referência muito famosa à essa sobremesa, que ajudou ela a se popularizar no mundo todo. Na poesia do filme é dito que o ato de quebrar com uma colher a casquinha do créme brûlée pode produzir um prazer simples, delicado, que te ajuda a extrair poesia da simplicidade de seu cotidiano. Acho isso tão lindo, evoca coisas tão sérias sobre conseguir extrair dos atos simples marcas boas, que nos alimentem… Enfim, o filme em si é lindo e tem muito sobre essa poesia do simples, e responsabilizo ele em grande parte por esse meu amor ao crème brûlée.

A origem da sobremesa é controversa e suspeita: franceses, espanhóis e ingleses disputam sua origem. Na Grã-Bretanha, existe uma referência, de 1879, ao Trinity Cream ou Cambridge burnt cream. No Trinity College, Cambridge, o símbolo da universidade era marcado, com um ferro quente, sobre o açúcar da cobertura. Mas os franceses, como mencionei acima, tem registros anteriores a esse, então por hora a honra é deles.

Ovos, leite, baunilha e açúcar – basicamente ele é feito disso. Há vários modos de fazer a casquinha linda e marcante de cima, o maçarico é a forma mais comum hoje, mas alguns lugares colocam bebida alcoólica por cima e botam fogo, para uma caramelização meio com cara de espetáculo. E também tem o modo mais antigo, de fazer a casquinha com ferro quente (meu jeito preferido, na verdade).

Adoro a história e narrativas possíveis de qualquer alimento. Há traços em tudo que comemos que contam histórias, poesias, hábitos… Comida é assim. Agora se você ficou com vontade clique aqui e veja como fazer creme brulee! Eu ensino, e você nem precisa ter maçarico culinário! Vem que tem!

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Des Deux Moulins – O Café da Amélie Poulain e um passeio por Montmartre (Paris).

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Fachada do Des Deux Moulins

Parada obrigatória em Paris para quem, assim como eu, ama o filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain), pois trata-se justamente do café em que Amélie trabalha no filme:  Des Deux Moulins (Sim, ele existe!). Para quem se encantou com a poesia desse filme (que ficou bem famoso mundo a fora) é uma experiência que agita o coração entrar no lugar e conseguir identificar todo o cenário daquela história carregada de poesia e detalhes “doces”. Eu adoro o filme e toda a “poesia do simples” que ele evoca, e estar lá foi sensacional. É um lugar indispensável de visitar para aqueles que sabem “que até mesmo as alcachofras tem coração…”

O Café fica bem perto de dois moinhos: O Famoso Moulin Rouge e o Moulin de la Galette, daí o nome: Des Deux Moulins (Os dois moinhos). É um lugar na maioria das vezes cheio, pois é bem famoso e muitos turistas de todo canto se espremem nas pequenas mesas do café. Mas o lugar, além de todo o encanto que traz do filme, é agradável e fofo, os garçons são gentis (e lindos, diga-se de passagem), fui atendido por um que falava português (sorrindo, vejam vocês), o que facilitou o pedido.

Interior do Café, onde se pode ver Amélie sorrindo ali atrás...

Interior do Café.

Há objetos usados no filme que ficam expostos no café. Quanto ao cardápio, eu fui direto em um “combo” que é um café (ou um chocolate quente) que acompanha o famoso Crème Brûlée, pois eu jamais poderia perder a experiência de quebrar a casquinha dessa linda e simbólica sobremesa e sentir a felicidade discreta que tal ato produz. E isso tudo custou cerca de 14 euros (preços em 2017). O preço lá não é muito barato, mas com 14 euros você já sente a magia da Amélie, e tá bom).

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Não comi outras coisas, mas dizem que há lugares melhores ali por perto mesmo em Montmartre, onde se pode experimentar melhores e tradicionais pratos franceses. Mas o que me interessava lá era Amélie, a magia conectada à essa obra e o Crème Brûlée, e foi isso que fiz, e saí bem feliz! AH, perto do banheiro há uma mini exposição (na verdade, um balcão) com objetos originais usados no filme, veja e chore de emoção, que nem eu!

Endereço: 15 Rue Lepic, 75018 Paris, França – Site: http://cafedesdeuxmoulins.fr/pt

Dicas: Aproveite para visitar outros endereços ilustres que também ficam em Montmartre, nas redondezas do café da Amélie: A Basílica de Sacré Coeur (também cenário do filme) é linda e gigante, o gramado nos entornos das escadarias são perfeitos para sentar, comer algo e ver a vista linda de Paris (fica numa região alta então a vista é emocionante). Dica: Cuidado com os vendedores ambulantes, eles podem ser meio agressivos, digo, insistentes, colocam as pulseirinhas no seu braço como se fossem presentes e daí cobram, então a dica é: se não estiver afim de comprar, feche a cara um pouco e siga dizendo um “merci” sem parar para dar atenção. O Moulin Rouge também está ali pertinho, a noite ele é muito mais lindo que de dia (com as luzes vermelhas deslumbrantes). Por ali você também pode ver a fachada da casa onde morou o pintor Vicent Van Gogh, fica bem perto do Moulin Rouge. A Place Du Tertre fica quase ao lado da Basílica, uma praça famosa pelos artistas pintando a céu aberto e restaurantes fofos ao redor, e lá também é um ótimo endereço para comprar aqueles famosos pôsteres da Belle Époque de Paris! Olhem só:

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A Place Du Tertre – Com seus charmosos restaurantes e artistas pintando à céu aberto.

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A incrível Basílica de Sacré Coeur, também bastante presente nos cenários do filme.

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o Simbólico Moulin Rouge! Fica bem pertinho do Café.

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A fachada da casa onde morou o famoso artista Vincent Van Gogh, 54 Rue Lepic.

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Uma charmosa rua perto da Basílica de Sacré Coeur, onde se pode encontrar os famosos posteres da Belle Époque e uma série de artigos para lembrancinhas.

Montmartre é um bairro lindo e cheio de história, todos os movimentos artísticos históricos que tiveram Paris como palco ocuparam muito esse bairro, então a marca artística e boêmia da região perdura até hoje. Aproveite!