Cinema e Gastronomia – Filme: Sociedade literária e a torta de casca de batata.

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“Sociedade literária e a torta de casca de batata” não é um filme focado em gastronomia – mas fala de como, em tempos obscuros, o ato de se reunir na mesa para compartilhar uma refeição digna pode promover um encontro que faça as pessoas se lembrarem das coisas mais nobres que compõe a existência humana. O filme fala de várias formas de sofrimento durante a segunda guerra mundial, contando a história de um grupo de pessoas comuns, habitantes da pequena ilha Guernsey (no Canal da Mancha), que encontraram nos livros uma chance de lidar com tempos duros, criando uma sociedade literária. A trama se mescla com a história de uma jovem escritora, que pesquisando sobre esse grupo de pessoas encontra-se com o sentido de sua própria vida, se reconectando consigo mesma. O filme traz delicadamente diversos aspectos da dor e das formas de lidar com ela, e é absolutamente lindo como ele mostra o ato de se reunir em volta de uma mesa como uma chance das pessoas se reconectarem umas com as outras, construindo na hora da refeição um encontro que as alimenta de muitos modos – em tempos onde o terror toma conta da vida e a dignidade das pessoas é ferida a cada instante, sentar com gente querida para ter uma refeição digna mata muitos tipos de fome. A refeição é encontro, a mesa sempre será simbólica. Indico esse filme profundamente.

O filme é original Netflix e está disponível na plataforma! Desfrutem!

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Cinema e gastronomia – Filme: Le Chef (Comme un chef).

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A gastronomia tem se tornado cada vez mais objeto de desejo e consumo. O glamour, chefs estrelados, restaurantes badalados e todo viés econômico em volta disso tem construído uma ideia de exuberância em volta da gastronomia. Entretanto, há algumas coisas que precisam ser lembradas sobre o que significa cozinhar – para além de todo esse glamour, existe algo muito importante nesse ato que nos acompanha desde a origem das civilizações. Cozinhar é uma entrega que fazemos ao outro, é uma construção que nos conecta as pessoas, contorna inúmeras relações e mostra o valor do coletivo. O filme francês Le Chef é divertido, traz toda a riqueza da cozinha francesa e também traz recados muito importantes.

Ele conta 2 histórias: a de um cozinheiro amador buscando um lugar profissional e a de um chef francês estrelado. Contornando a história desses dois o filme mostra o quanto o espetáculo e glamour pode distanciar cozinheiros de coisas valiosas que a cozinha oferece. Quando um chef estrelado se lembra de ser cozinheiro e se conecta com a verdadeira essência da cozinha, algo especial acontece. O filme nos lembra do ato de amor, doação e generosidade que envolve a cozinha quando cozinhamos para o outro e com o outro, e não apenas para nosso prazer pessoal e vaidade – tanto na cozinha caseira, quando cozinhamos para quem amamos lhes oferecemos algo construído pelas nossas mãos, quanto na cozinha profissional, quando cozinhamos ao lado de uma equipe, fazendo no coletivo um trabalho que afeta a vida de todos ali, do local onde o restaurante está, dos fornecedores de ingredientes e das pessoas que irão comer. Há uma conexão gigante na cozinha entre muitas pessoas. Estão todos juntos.

A cozinha é um ato coletivo e generoso se assim a enxergamos e nela atuarmos. Talvez o mais tocante do filme seja como ele mostra um chef estrelado saindo de sua individualidade e compreendendo que a essência real da cozinha não é apenas cozinhar para nosso prazer e vaidade, mas sim lembrar de todo esse coletivo que ela é e o tanto de gente que ela afeta, se reconectando assim com a via mais genuína desse trabalho.

Contando as aventuras do cozinheiro amador Jacky Bonnot para conseguir um lugar profissional, onde pudesse dar vazão a sua via criativa, o filme traz todo esse tema importante, de forma divertida e deliciosa – nos fazendo navegar no mundo gastronômico fascinante que a França tem. Quando a história de Jacky topa com a história do estrelado chef Alexandre Lagarde, ambos começam uma relação que transforma suas vidas para sempre, os fazendo repensar suas práticas e o sentido que a cozinha tem para ambos. Super indicado! O filme até a data de hoje (02/07/2017) está disponível na Netflix! Vale muito apena. Aproveite e bon appétit!

Le Chef  – Como um chef! 

Título original: Comme un chef (California filmes, 2011). 

Cinema e Gastronomia. Filme: Os Sabores do Palácio. 

Enxergar o Palácio de Eliseu (lugar mais poderoso da França) através de uma cozinha simples. Esse contraste que o filme “Os Sabores do Palácio” apresenta nos faz pensar sobre nosso apego pelo complexo e desprezo pelo simples e original (que evoca origem, essência) . O filme fala disso quando o homem mais poderoso da França, que pode comer o que quiser, decide comer comida caseira – aquela singela, mas com uma carga afetiva que alimenta muitas fomes na gente.

Os filmes franceses tem uma delicadeza e intensidade silenciosa que pra mim são um tiro na alma, na nossa sensibilidade mais profunda, crua e real. Um filme francês sobre gastronomia então, pra mim é tudo isso vezes 3 – é um escandâlo de significativo. “Os Sabores do Palácio” toca muitos elementos importantes: A alta gastronomia complexa em seu contraste – e na verdade, encontro – com a gastronomia simples, caseira, clara, próxima da nossa natureza familiar. O filme também fala de caminhos que escolhemos e deixamos de escolher, de um trajeto profissional e emocional, de receitas, de machismo, de identidade, verdade e amor.

Hortense Laborie, uma respeitada e simples cozinheira recebe uma proposta que muda sua vida: cozinhar para o presidente da França. Através dos desafios que vem com seu novo emprego, ela nos conduz pela sua história de fibra, arte, convicção e encanto e nos faz dançar a música que sempre é possível escutar na cozinha: aquela melodia que conta histórias importantes e sempre revela marcas afetivas, culturais, familiares e históricas. Hortense nos lembra que a cozinha é um lugar de fazer pessoas se sentiram abraçadas, se sentirem parte de uma história e de um lugar no mundo.

Até a data desse post o filme está disponível na Netflix. Corre pra ver antes que saia do catálogo! Vale muito a pena.

Dados técnicos:

  • Os Sabores do Palácio (Les saveurs du palais), 2012, França. Direção: Christian Vincent.

Cinema e Gastronomia – Filme: “Sem Reservas”.

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Qual o laço afetivo de sua história com a cozinha? Kate, no filme “Sem Reservas”, percebe em suas sessões de análise o quanto dedicar-se tão intensamente ao seu trabalho de chef – cozinhando perfeitamente – era também uma forma de estar conectada com sua mãe, que morreu muito cedo. Cozinhando Kate construiu uma possibilidade segura de continuar vivendo diante da dor, usando a dedicação árdua muitas vezes como uma defesa diante de seus sentimentos mais duros. Esse filme nos ilustra muito bem o papel simbólico que muitas vezes cozinhar pode ter em nossas vidas. Nos envolvemos nos afetos que a gastronomia proporciona e criamos laços com essa arte que estão muitas vezes além de nossa compreensão. O filme conta uma história linda de transformação, enfrentamento e renovação da personagem Kate – A cozinha do cozinheiro caminho no ritmo de sua vida e mostra quem ele é.

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Kate (Catherine Zeta-Jones) é a chef de um sofisticado restaurante em Manhattan. Durona e totalmente séria com seu trabalho, tem fama de brava, o que ajuda a alimentar sua rotina sem muita vida social – no máximo se relaciona com os fornecedores de seus produtos. Sua vida inteiramente dedicada ao trabalho se transforma quando sua irmã morre em um acidente de carro e Kate passa a ser a responsável pela sua sobrinha de 9 anos. Ao mesmo tempo, Nick (Aaron Eckhart), um animado subchef italiano entra para a cozinha de Kate com um espirito alegre e descontraído – bem diferente do estilo de Kate – o que cria enormes conflitos. Em meio a tantas mudanças e descobertas, Kate se permite mergulhar mais no universo menos perfeccionista e mais alegre da cozinha de Nick, ao mesmo tempo se vive os desafios de cuidar de uma menina de 9 anos. Sua vida se transforma, ela saí de sua zona segura e confortável e ao mesmo tempo sua cozinha vai se transformando junto com ela. Inspirador!

Até a data desse post o filme está disponível na Netflix! Também é possível assistir ele online no site “Filmes Online Grátis”. Aproveitem!

Cinema e Gastronomia – Filme “Toast: A História de uma criança com fome”.

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“É impossível não amar alguém que fez torradas para você”. Cozinhar é uma forma de entregar amor – nunca isso foi tão evidente em um filme. A comovente história de um cozinheiro contada a partir da perspectiva de sua infância, mostrando como cozinhar está conectado com suas possibilidades de oferecer amor e sentir-se amado. O filme traz encantos para os amantes da gastronomia, com a sensível e poética percepção de Nigel (personagem principal) das receitas, desvendando ingredientes e construindo talentosas produções culinárias. Mas o ápice do filme é sua emocionante história, sua busca de um lugar de amor no mundo, onde em meio a tantas tragédias ele transforma o ato de cozinhar em um sentido existencial lindo.

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O filme gira em torno da história de Nigel, um garoto britânico que sempre quis explorar a culinária, porém não encontrava muito essa possibilidade pelos hábitos alimentares de sua família – sua mãe não tinha talento algum para cozinhar, e basicamente viviam a base de produtos industrializados. Após a morte da mãe, Nigel começa a aventurar-se mais a fundo no mundo da culinária, ao mesmo tempo que seu pai contrata uma nova faxineira, que viria a se tornar sua madrasta, e que de alguma forma iria modificar sua vida – ela é uma cozinheira extremamente talentosa e inicia uma disputa com Nigel pela atenção do pai, ambos tentando conquistá-lo cozinhando coisas boas – a busca do amor através da cozinha. Uma história comovente onde Nigel constrói através da culinária uma identidade pessoal e profissional, escrevendo sua própria história em meio a receitas, ingredientes e afetos. Tudo que a gente ama tem nesse filme.

O filme está disponível na Netflix! Corre lá e assista!

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Confira trailer clicando aqui!

Cinema e Gastronomia – Filme “A 100 Passos de um Sonho”.

 

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A 100 passos de um Sonho é um dos melhores filmes que vi esse ano sobre gastronomia, arte, cultura e afeto. O filme fala do encontro entre a cultura gastronômica indiana e a francesa, mostrando a possibilidade de culturas diferentes coexistirem e juntas criarem elementos novos – e lindos. Podemos estender a ideia que o filme traz para diversas questões sobre preconceitos e exclusão que tanto nos limitem e nos impedem de aprender com o diferente de nós. Me identifico muito com o filme, principalmente quando lembro dos tantos toques que já dei em receitas clássicas francesas com especiarias do nordeste – nossa origem e nossa alma estando no prato o torno autentico. O filme fala de gastronomia, amor, autenticidade, respeito.

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O filme narra um história ocorrida no sul da França, onde Madame Mallory (Helen Mirren) é uma respeitada e autoritária dona de um restaurante estrelado no famoso guia Michelin que está cada vez mais preocupada com um estabelecimento indiano, concorrente, que abriu do outro lado da rua do seu famoso restaurante. Ela trava uma verdadeira guerra contra o vizinho, mas aos poucos conhece o filho do seu adversário, Hassan Kadam (Manish Dayal), um garoto com autêntico talento para a culinária. Os dois tornam-se amigos, e Mallory passa a guiá-lo pelos conhecimentos da refinada gastronomia francesa, sem abandonar a tradição indiana, encorajando-o a alçar voos muito mais altos. Uma história de encontro autêntico, aprendizado e amor promovido pela gastronomia.

A delicadeza do filme nos inspira. O permitir-se permear por uma cultura e costumes diferentes do nosso é algo extremamente difícil, porém a abertura ao novo, ao estranho à nós nos proporciona um crescimento sem igual. O filme lindamente mostra isso, ilustrado através do ato de cozinhar está indicado uma conduta existencial aberta as mais belas possibilidades. O filme proporciona uma lição de ética, cidadania, respeito e humanidade. Também nos faz observar apaixonadamente a dança de sentidos de o ato de cozinhar proporcionar. Uma linda obra que vale muito a pena ser vista!

Título original: The Hundred-foot Journey, Ano: 2014.

Clique aqui e confira o trailer!

No site Filmes Online Grátis você encontra o filme para assistir online! Clique aqui e vá para lá.

 

Cinema e Gastronomia – Documentário “Chef’s Table” (Netflix)

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Assistir a relação intensa de amor entre o homem e a gastronomia é algo emocionante. É mais que encantador ver uma história de sentido existencial traçada através das possibilidades criativas da arte gastronômica. Esse documentário americano produzido pela Netflix traz a história da vida e obra de 6 dos mais renomados chefs da atualidade. O modo como a série mostra a trajetória e características do trabalho dos chefs é comovente, nos envolve e nos convida a experimentar o sabor da alma das pessoas que vivem de gastronomia. Imperdível!

A série, criada por David Gelb, conta a história de 6 renomados chefs, de sua trajetória profissional e da identidade de seu trabalho, ilustrando de um modo lindo como a comida que alguém produz é uma foto da alma do cozinheiro. A série está dividida em 6 episódios, cada um dedicado a um dos chefs, confira quem são eles:

Episódio 1) Massimo Bottura, chef do Osteria Francescana (Modena, Itália). A incrível identidade e desafio de um chef que casa a tradicional e intocável culinária italiana com técnicas modernas, levando o Osteria Francescana ao posto de um dos mais famosos restaurantes do mundo.

Massimo Bottura

Massimo Bottura

Episódio 2) Dan Barber, chef do Blue Hill Restaurant (Stone Barns e New York City, EUA). Chef renomado, agricultor revolucionário que trava uma batalha para inaugurar novos modos de lidar com a comida.

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Dan Barber

Episódio 3) Francis Mallmann, chef do El Restaurante Patagonia Sur (Buenos Aires, Argentina). Contato com o universo através do ato de cozinhar – das ilhas remotas da Patagônia aos melhores restaurantes franceses, um chef aventureiro que traça na gastronomia sua identidade e estilo de vida.

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Francis Mallmann

Episódio 4) Niki Nakayama, chef do N/Naka Restaurant (Los Angeles, CA, EUA). A história da sensível e guerreira chef, repleta de desafios e encontros com a criatividade marcante que a culinária pode oferecer, uma possibilidade linda da culinária tradicional japonesa.

Niki Nakayama

Niki Nakayama

Episódio 5) Ben Shewry, chef do Attica Restaurant (Melbourne, Austrália). Um chef conectado com a natureza e a invenção de novos sabores, ousadia e inovação construindo identidade culinária.

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Ben Shewry

Episódio 6) Magnus Nilsson, chef do Fäviken (Järpen, Suécia). O mais sensacional do trabalho desse chef é sua localização geográfica, e sua dificuldade com a escassez de recursos naturais, e como mesmo com tudo isso ele consegue fazer um trabalho com muita identidade, extremamente único e encantador.

Magnus Nilsson

Magnus Nilsson

Vale super a pena assistir a série! Um encontro legítimo com aquilo de afetivo, criativo e sensacional que a gastronomia pode escrever na história de alguém! De arrepiar! Confira o trailer:

Cinema e Gastronomia – “Chef” – Um filme sobre gastronomia, amor e liberdade.

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Um filme que junta gastronomia, aventura, liberdade e laços de amor obviamente me cativaria. Chef (2014) é uma trama leve e divertida (incrível para assistir em um domingo à tarde gente!),  os amantes de gastronomia com certeza irão se identificar com muitas coisas do filme. Ele traz de modo descontraído (e ao mesmo tempo intenso) aspectos que envolvem a paixão do protagonista pela gastronomia, mostrando como ele encontra meios de viver essa paixão de forma autêntica e livre. É um filme de fato sobre gastronomia, amor e liberdade. O sentimento que toma conta de mim depois de assisti-lo é uma vontade enorme de cozinhar comida para experimentar “liberdade” – e quem sabe comprar um trailer e sair por aí cozinhando pra sempre… (suspiros de amor).

O filme gira em torno do chef Carl Casper (Jon Favreau), que tem enfrentando grandes frustrações em seu atual emprego (um famoso restaurante de Los Angeles) por ver-se impedido de usar sua criatividade e ter sempre que cozinhar aquilo que mandam. Depois de receber uma critica negativa de um importante critico gastronômico (justamente pela falta de criatividade de seus pratos) Casper fica furioso, cria atritos com o dono do restaurante e com o próprio critico e acaba se demitindo. Videos dessas brigas acabam caindo na internet e se tornam um viral, o que prejudica sua imagem para conseguir outros trabalhos. A alternativa que lhe resta é aceitar a ajuda de sua ex-esposa para iniciar um novo projeto: Comprar um trailer e vender sua comida – feita de seu jeito. A partir disso um emaranhado de coisas relacionam a prática gastronômica do chef com laços emocionais, no encontro de um modo livre e autentico de viver sua arte.

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O filme me proporcionou um delicioso sentimento de aventura e de uma ainda maior apreciação da arte gastronômica, no qual somos convidados a “viajar” por uma aventura guiada pelo sabor e prazer da comida. O modo como o significado de uma história (de uma vida) podem se entrelaçar com a culinária é tocante para que é sensível ao toque dessa arte. Filme indispensável para quem ama culinária! Segue abaixo link do trailer do filme! O filme está disponível no Netflix, e você também consegue assisti-lo online no site “Filmes Online Grátis”.

Trailer: