Quem escreve

Oi! Prazer, Rodrigo.

Sou um psicólogo clínico que escreve e cozinha. Sempre estive na cozinha, cresci assistindo as grandes mulheres da minha família com suas grandes panelas, e fui inspirado por elas a fazer da cozinha o meu brinquedo especial naquele tempo – vale lembrar que crianças brincam por vários motivos, entre eles para dissolver emoções e elaborar seu mundo interno. A cozinha era minha chance de fazer isso -ainda é: às vezes a gente cresce e continua brincando das mesmas coisas. 

Encontrei na cozinha uma conexão com o mundo natural, com minha história, cultura e afetos. Gosto da genuína sensação de saber que ao transformar ingredientes somos também transformados por esse contato com eles.

Encontrei na cozinha parte da minha própria terapia, fervilhando meu inconsciente nessa dança frenética toda condensada que a gente acha entre uma panela ou outra. Amo arte, psicanálise, neve, cultura nordestina, Paris, banana e manjericão. Gosto muito de coisas antigas, gosto muito de ABBA, Beatles e bossa nova, mas não gosto de pimenta-do-reino que já vem moída.

Quero escrever para sempre, quero ler mais sobre taoísmo. Sou apegado a detalhes, mas tenho aprendido a escolher os detalhes certos para me apegar . Adoro o cheiro de amanteigados assim que saem do forno, mas não gosto de cama desarrumada nem de adjetivos vazios. Gosto muito de gentileza, de filme europeu, de ver crianças emocionadas e orgulhosas de si mesmas, dos livros de Michael Pollan e de respeitar as ofertas do mundo natural. 

A França e o nordeste do Brasil me inspiram. Julia Child também. Fico preocupado em cozinhar errado frutos do mar, mas não fico preocupado em molhar o pé na chuva. Acredito que acertar o ponto do crème brûlée pode promover um peculiar e inusitado sentimento de felicidade e perfeição. Amo sexta-feira.

Acredito nas elaborações de afetos que são possíveis na cozinha. Acredito que cozinhar é uma relação profunda de encontro com a natureza que fazemos parte, com nossa ancestralidade e com o nosso lugar no mundo. Acreditei em fadas até os 12, acredito na sensibilidade da mostarda e “que até mesmo as alcachofras têm coração”. Acredito em um lado bom – ou pelo menos em um lado ruim interessante.

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