
O que você aprende quando cozinha em casa, de vez em quando, ao invés de comprar sempre pronto? Cozinhar é um convite para frear a dinâmica violenta e veloz do nosso cotidiano e experimentar uma relação diferente com nosso tempo. Quando você para um pouco de se render as sedutoras ofertas de comida pronta e passa a cumprir todo o processo de preparar uma refeição para só depois ter algo pronto para comer, algumas coisas começam a mudar. Além de hábitos mais saudáveis, cozinhar com mais frequência me proporcionou um contato com minhas aspirações pessoais, sentimentos de autorealização e com uma via terapêutica – isso mesmo, cozinhar nos transforma – fazer artesanalmente, com as próprias mãos, ao invés de comprar pronto é libertador e permite a inauguração de possibilidades mais criativas. Bom, preciso falar sobre algumas coisas para que vocês me acompanhem.
Hoje vivemos num mundo onde a indústria alimentícia, restaurantes e redes de fast-food nos oferecem comida pronta, rápida e barata, nos “poupando” do trabalho de cozinhar. Há anos a relação do homem com a comida se transformou, e hoje cozinhar é um serviço amplamente terceirizado, e para que? Para que tenhamos tempo de trabalhar mais e produzir o “capital”. O tempo livre é pouco e pode ser difícil querer usá-lo para cozinhar – esse ato ao longo dos anos foi sendo pejorativamente caracterizado como “muito trabalhoso”. Criou-se o discurso “se puder evitar o trabalho de fazer e puder comprar pronto, melhor”. Trabalhamos tanto que cozinhar soa como mais trabalho, e quando estamos em casa não queremos assumir a posição de “trabalho-produção”, mas sim de “lazer-consumo”, então dedicamos o nosso tempo livre ao que indica lazer e relaxamento, cozinhar é um “trabalho” que passaram a fazer por nós. Apesar de nos últimos 3 anos as pessoas estarem se reaproximando da cozinha, ainda há uma grande alienação e distância entre nós e os pratos que consumimos. Ainda nos nutrimos de coisas que não temos a menor ideia do que as compõe e quais processos aconteceram para que elas se tornassem nossa refeição.
Cozinhar é um exemplo, mas existem diversas outras experiências que abrimos mão de ter no nosso cotidiano, coisas que não permitimos mais viver e, quando podemos, pagamos para que façam por nós. Terceirizamos a educação dos nossos filhos contratando instituições ou funcionários para cuidar deles por períodos integrais, terceirizamos também os momentos recreativos com eles dando brinquedos, celulares e videogames sem construir muitas atividades nas quais todos estejam juntos e implicados em um “encontro”. Terceirizamos o cuidado do nosso lar, das nossas roupas, do nosso jardim, das nossas contas, e por aí vai, são muitos os aspectos de nossa sobrevivência que estão nas mãos de indústrias e prestadores de serviço. Considerando nossa cansativa rotina, poupamos o trabalho que pudermos poupar, sem perceber que ao mesmo tempo nos esquivamos da chance de ter alguns “trabalhos” de outra ordem, aqueles que produzem aprendizagem, autonomia, crescimento emocional, maior implicação com nossa existência e a construção de experiências – Emprego aqui o termo “experiência” pensando no trabalho da psicanalista Maria Rita Kehl, que em seu livro “O tempo e o cão – a atualidade das depressões” aborda nossa dificuldade de construir experiências significativas, o que acaba empobrecendo nossa vida psíquica e a capacidade de enxergar sentido nas coisas.
Em nossos empregos (aqueles que nos tiram todo o tempo) muitas vezes assumimos a ideia de que trabalho e esforço devem produzir dinheiro (só dinheiro), não nos permitimos mais enxergar que trabalho e esforço também podem produzir “experiência”, produzir marcas emocionais boas e aprendizagem – a ação humana é capaz de construir mais que apenas valor capital. A real é que talvez estejamos famintos por outros tipos de produções que podemos construir com nosso tempo. Precisamos nos propor “trabalhos” que produzam sensações que nos nutram emocionalmente – seja transformando o modo como consideramos nossos empregos e tentando enxergar o que nossa prática profissional produz além de salário, ou adotando atividades alternativas em nossa rotina . Porque a real é que produzir apenas dinheiro tem se mostrado pouco e vazio (o número de pessoas com vazios existenciais tem crescido, a depressão no nosso tempo também é um alarme sobre a dinâmica social que assumimos).

O singelo ato de cozinhar em casa nos ajuda a encontrar essa outra possibilidade de produção, que não é de dinheiro, mas sim de sensações boas que se tornarão “experiências” que registraremos em nosso emocional – produzir um simples prato pode trazer mais do que imaginamos, precisamos só parar para notar o que sentimos quando o fazemos – sentir, notar, registrar. Esse processo, que ocorre através de atividades manuais, nos reaproxima de sutilezas esquecidas, massacradas pelo mundo violento e apressado, onde tempo é só dinheiro.
Obviamente não podemos fazer tudo sozinhos, temos muitas vezes que contratar serviços e instituições para nos ajudar a dar conta de todas as demandas da vida, seria impossível talvez cozinhar todos os dias ou cuidar de todas suas tarefas domésticas, dependendo de sua rotina. Podemos contar com ajuda, podemos ser eventualmente espectadores e apreciadores de algo que fazem para nós, ir aos restaurantes que apreciamos, pedir comidas que gostamos, comprar serviços e produtos que admiramos – isso tudo é super importante e saudável, não estamos falando de uma ideia exagerada de autonomia, porque isso seria uma bobagem. O problema é não fazer nunca – fazer você mesmo de vez em quando já muda muito. É o excesso de terceirização que nos priva da chance de contatos riquíssimos. Consumimos o pronto em demasia e estamos distantes demais do “fazer as coisas”. Cozinhar ao invés de comprar pronto é atuar no processo, é implicar-se no “fazer”, é transformar o ingrediente e criar algo com ele, para só depois consumir – temos pulado tudo isso e partido direto para o consumo do pronto – o que perdemos com isso?
Perdemos contato com o que comemos ao ponto de não ter a menor ideia de seu valor nutricional, o que é muito grave e causa uma série de danos à saúde. Porém, me atentarei aqui ao prejuízo emocional e psíquico que parar de cozinhar nos trouxe. É no fazer das coisas que aprendemos, elaboramos, mantemos tradições culturais vivas, construímos experiências e no final podemos ver uma obra nossa e nos sentir potentes, criativos, inspirados e realizados por nossos feitos – pelo que fazemos com nossas mãos. Agora quando não fazemos nada disso e só consumimos o pronto, o que fica com a gente quando a comida acaba? O que de experiência significativa ficou? Quase nada, e aí que entra os tantos vazios que enfrentamos hoje – lembrando que meu foco é sobre o ato de cozinhar, mas essa reflexão pode se estender para várias outras coisas que compramos prontas ou pagamos para fazerem para nós.
Cozinhar em casa hoje é um grande desafio, as ofertas de tudo pronto são muito sedutoras, dão a sensação de libertação – “compre pronto e tenha mais tempo” – aliás, é exatamente nesse tom de libertação que a indústria alimentícia começa a ganhar força, quando ela aproveitou o discurso feminista que crescia na década de 50 para plantar a ideia de que estava ajudando a libertar as mulheres da tarefa de cozinhar, para que elas pudessem ter tempo de fazer o que quisessem. No livro “Cozinhar – Uma história natural da transformação”, Michael Pollan faz uma interessante reflexão sobre fatores sócio-históricos que ajudaram a construir o modo como hoje nos alimentamos. Pollan nos conta que a indústria de alimentos processados e industrializados desenvolveu-se em grande escala no período das grandes guerras, pois era a única alimentação possível aos soldados – não era possível cozinhar comida fresca nos campos de guerra, então esse nicho de mercado era muito funcional para tal situação. Mas aconteceu que as guerras terminaram, e a indústria alimentícia tinha então um problema: Para quem vamos vender agora? Tiveram então que levar seus produtos para dentro das casas da população comum, e aí que tudo começa. A propaganda era pesada e muito persuasiva, sempre colocando a comida industrial e pronta como algo incrível e libertador. Redes de fast-food nos Estados Unidos explodem e iniciam consolidação quando a febre da “comida pronta e prática” começa a surgir, e todos passaram a cozinhar cada vez menos.
Então pensamos: Mas então a indústria alimentícia ajudou nessa ferida histórica ao “libertar as mulheres” e fornecer a chance delas fazerem o que quisessem com seu tempo sem precisar cozinhar mais! Isso não é ótimo? Bom, não é bem assim. Pollan também traz dados muito interessantes sobre o feminismo e sua relação com a questão da indústria alimentícia. Claro que de alguma forma ter outra maneira de alimentar a família pode ter contribuído com a saída da mulher da opressão do lar para ganhar terrenos novos, porém a história tem alguns outros lados. A verdade é que os alimentos processados começam a entrar na casa das pessoas antes mesmo da mulher sair da cozinha – e de casa – para trabalhar fora. A oferta industrial era tão agressiva que ainda quando havia tempo para continuar cozinhando comida fresca as pessoas já começaram a consumir comida industrial. E uma pergunta importantíssima: quando a mulher para de se dedicar apenas ao lar e sai para trabalhar fora, porque é que foi a indústria que teve que cozinhar para a família? O problema se estende ao fato de que ao invés de homens e mulheres resolverem o problema com uma nova configuração de funções, pensando numa possibilidade de as tarefas de casa (entre elas, cozinhar) ser divida entre os dois, eles decidem deixar que a indústria fizesse para eles. De certa forma perde-se a chance de questionar valores e dar um novo rumo às demandas domésticas, repensando o papel do homem e da mulher na sociedade. Ao invés disso vemos a continuidade de um posicionamento machista, pois o cenário foi: Se a mulher não pode mais cozinhar, então ninguém pode. Mantém-se assim a ideia de que apenas a mulher poderia cozinhar, o homem continua fora do cenário doméstico. – ao invés de uma perspectiva ser transformada ela é varrida para debaixo do tapete com a solução “perfeita” da indústria, que obviamente era também a consolidação de um grande nicho econômico que produziria muito lucro. A indústria alimentícia se aliou ao elemento feminista para fortalecer seu discurso de venda e dizer que estava libertando as mulheres, mas no discurso oculto de suas propagandas ela continuava a reforçar a ideia de que em casa apenas a mulher podia cozinhar, fazendo assim a manutenção de um discurso opressor. Nada muda muito, afinal.
Ainda vale ressaltar que, dentro das questões do feminismo, cozinhar não era exatamente um ponto central no cenário doméstico opressor em que a mulher se via. Outras tarefas domésticas se mostravam mais estafantes do que cozinhar, que sempre teve um tom diferente de outros trabalhos domésticos por ser um ato também relacionado à arte, criação, revelação e prazer. Simone de Beauvoir em “O Segundo Sexo” diferencia o ato de cozinhar de outras demandas domésticas, justamente por ser um ato que dava ao humano a possibilidade de “criação e revelação” – claro que há um tom bem francês em tal perspectiva, mas ela nos faz notar o quanto talvez deixamos de cozinhar em casa não porque as pessoas odiassem tanto isso, mas sim porque um nicho econômico precisava que víssemos assim, e vendeu essa imagem para depois poder nos vender sua comida.
Depois de pensar um pouco em alguns elementos históricos que nos afastaram da cozinha, te pergunto: Porque eu deveria cozinhar? Porque tenho me focado justamente nessa ação?
Porque ela é implicar-se com a ação mais antiga e importante para nossa sobrevivência, que impacta nossa saúde, explora a relação do homem com a natureza e é ironicamente a que mais terceirizamos hoje. A ideia é retornar a uma possibilidade artesanal de alimentar-se, de viver – artesanal é o que é feito por nossas mãos. Cozinhar é pegar ingredientes crus, combiná-los e transformá-los em refeição – esquentar a pizza congelada no forno não é cozinhar, como muitos hoje acham (essa coisa de semi-pronto talvez seja só para nos plantar a ilusão de que estamos cozinhando e acalentar um pouco o mal estar de “nunca fazer”). Ao cozinhar nos apropriamos de um trabalho, conhecemos o ingrediente e o modo como a natureza nos oferece as coisas, atuamos em um processo e aprendemos. Saímos da ação automática de consumir o pronto e entramos em contato com a essência de algo. Quando nos notamos construindo e criando coisas algo muda dentro de nós, nasce uma experiência transformadora, delicada e subjetiva, que alimenta de alguma forma nossa satisfação pessoal, e consequentemente nossa saúde emocional. Quando cozinhamos aprendemos a lidar com o ingrediente, entramos em contato com a natureza que fazemos parte e criamos uma obra, então cozinhar se torna mais do que um ato corriqueiro para matar a fome do corpo, matamos uma fome de experiências significativas e transformadoras – Afinal, “a gente não quer só comida”, não é mesmo?
Pode soar estranho, mas acho que faz todo sentido relacionar o ato de cozinhar em casa com um processo psicoterapêutico (não dizendo que são a mesma coisa, que um possa substituir o outro ou algo assim, me refiro ao ato de cozinhar como uma metáfora que explica alguns elementos do processo psicoterapêutico). Na terapia, grosso modo, “deitamos no divã”* para entrar em contato com nosso funcionamento emocional e compreendê-lo, saindo do automático e podendo transformar nosso modo de construir experiências e viver. O trabalho da terapia é buscar uma apropriação do funcionamento de algo (do nosso psiquismo, no caso) para poder agir com mais autonomia e criatividade, quem sabe, reescolher o modo como tenho experimentado a vida. Claramente posso ver essa situação no ato de cozinhar – que na real, também é mergulhar no contato com um processo muitas vezes oculto a nós, apropriar-se de algo que hoje nos é misterioso, que normalmente fazem por nós e nem sabemos como funciona, e dessa forma compreender um processo, conseguir conhecer ingredientes, transformá-los e criar algo com eles, nos tornando mais autônomos e autores. Cozinhar dá trabalho e leva tempo, às vezes incomoda e não soa tão confortável ou simples. Uma psicoterapia pessoal dá trabalho e leva tempo, às vezes incomoda e não soa tão confortável ou simples. Porém ambos podem construir possibilidades mais próprias, autorais, criativas, reveladoras e menos alienadas, no qual nos implicamos mais com as coisas de nossa vida e podemos assim extrair dela experiências significativas.
Cozinhar pode ser um desafio. Escolher onde comprar ingredientes frescos, como conservá-los, usá-los no prazo adequado, evitar contaminações e mau uso dos produtos, ter ideias do que fazer, aprender a usar as coisas – sim, é trabalhoso, mas cada parte desse processo nos aproxima de coisas valiosas sobre o mundo natural, sobre as relações em torno do ato social que é alimentar-se, sobre nosso modo de lidar com as coisas, sobre quem somos.
Há cerca de 5 anos desenvolvi um projeto – um blog – chamado “Quando a cozinha é um Divã”. Inicialmente era uma forma de registrar minhas experiências com a cozinha, sempre a vinculando com aspectos emocionais. Hoje o blog é uma referência quando se trata de pensar no ato de cozinhar como algo que nos movimenta emocionalmente e socialmente. Como podemos nos sentir incríveis, inteiros e potentes cozinhando? A ideia por trás do blog me ajudou a resgatar coisas importantes que o mundo em que “tempo é dinheiro” estava me fazendo esquecer – eu “parei” esse tempo para cozinhar. O blog hoje busca expandir a ideia que esse artigo apresenta, ampliando o modo como as pessoas se relacionam com sua alimentação, e consequentemente com suas vidas.
Há hoje em dia muita gente também questionando a maneira como nos alimentamos. Temos o movimento Slow-food, que se contrapõe ao fast-food e resgata o valor da lentidão. Temos também o exemplo do trabalho delicado de reencontro a natureza que muitos chefs e instituições pregam, como exemplo: A chef Paola Carosella em suas falas e trabalhos nos propõe a explorar e repensar nosso encontro com o natural do mundo, questionando a relação que temos com esse natural, como o aproveitamos e respeitamos. Outro exemplo que nos inspira a transformar a ideia que temos sobre cozinhar: A empolgante e divertida Raíza Costa, confeiteira e criadora de conteúdo digital, se dedica a ensinar pessoas a cozinhar. Só isso? Não. Raíza apresenta suas receitas e ensinamentos de uma forma revolucionária por dois motivos: Primeiro porque ela é cativante e divertidíssima no seu trabalho, e isso muito mais do que entretenimento torna o convite de cozinhar em casa muito mais interessante, resgatando um valor de prazer e alegria em volta do ato de cozinhar – aquilo que como vimos acima, os interesses econômicos do mundo industrial nos fez perder. E outro elemento interessantíssimo é o modo como ela incentiva o trabalho artesanal, nos ensinando a fazer em casa inúmeros preparos que normalmente compramos pronto, explicando processos químicos que ocorrem nas receitas, como controlar esses processos e como valorizar aquilo que você coloca no que vai comer – uma tomada de consciência total. Raíza planta em seu trabalho toda ideia de reencontro com o artesanal e com a autonomia que tenho falado, o que torna seu trabalho um serviço social diante do mal estar da industrialização que vivemos.
Ao cozinhar transformamos algo em nós para depois transformar outras experiências na vida. Considero que o hábito de cozinhar faz nascer algo que não se encerra na cozinha, pois ele possibilita a chance de apropriação de outras coisas. É como um desejo que nasce de fazer mais com nossas mãos, de criar mais marcas – quando notamos o valor de uma prática a levamos a diante de diversos modos, é um certo gosto que adquirimos por não deixar mais que façam sempre algo por nós, mas que façamos um pouco desse algo com nossas mãos de vez em quando – para aprender, apropriar-se, crescer e criar. Cozinhar é um agente transformador que nos convida a repensar muitas práticas – inclusive sobre como temos encarado nossos empregos, os trabalhos formais, repensando o modo como conferimos à eles a função de produzir só dinheiro – o que mais nossas práticas produzem? Quais marcas criamos ou podemos criar todos os dias, também no “horário comercial”?).
Cozinhar é revolucionário, eu acho. É um modo de sair da condenação que o esquema econômico nos impõe, de dizer um pouco de não aos duros imperativos de consumo e alienação, é rebelar-se diante da falta de vivências significativas. Cozinhar, além de nos aproximar do que comemos e melhorar a qualidade da nossa saúde tem um forte fator emocional, se torna uma possibilidade de autoria que pode ganhar proporções sensacionais, abrindo novas reflexões sobre o modo como temos vivido e mantido certas práticas. Nos faz questionar nosso distanciamento das coisas simples e importantes, do mundo, da natureza e das pessoas que amamos. Cozinhar se torna um contato mais artesanal com a própria vida, se torna uma ação simbólica que amplia o modo como tenho feito a minha obra psíquica e me relacionado com o mundo. Cozinhar é também valorizar o tempo de uma forma diferente – tempo é muito mais que dinheiro. Cozinhar é, por fim, reencontrar o artesanal – o feito com a mão, e não na produção em massa – e o mais humano que nos compõe, vendo possibilidades mais criativas, singulares, reveladoras e emocionantes.
*O divã é uma ferramenta usada pelo psicólogo ou psicanalista para psicoterapia ou análise, mas claro, não é o único meio de uma psicoterapia acontecer. Destaquei e usei o termo para fazer alusão ao nome do meu blog – “Quando a cozinha é um divã” – e também porque na minha prática e abordagem enquanto psicólogo, quando atuo em consultório, o divã é ferramenta presente.

Referências bibliográficas:
POLLAN, M. Cozinhar: uma história natural da transformação; tradução Cláudio Figueiredo. – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.
KEHL, M. R. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2009.
DE BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo; tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.